Irene Pimentel faz um retrato da mulher no Estado Novo
Mãe, esposa e dona-de-casa. Papéis femininos valorizados e incentivados no Estado Novo. O regime fabricou a mulher ideal, afastada do espaço público, sem acesso a certas profissões e com direitos muito limitados. Os homens mandavam, as mulheres obedeciam.
Apesar de a Constituição de 1933 estabelecer o princípio da igualdade, na prática a lei não era a mesma para homens e mulheres. Sobretudo as casadas, que não podiam trabalhar nem ir para o estrangeiro sem autorização do chefe de família. A mulher perfeita era a que ficava em casa, a manter a ordem e o asseio do lar, a cuidar da educação dos filhos, numa doce submissão ao marido. As escolas seguiam estes valores, as meninas eram educadas para as alegrias do casamento e desincentivadas de seguir o ensino secundário. O regime salazarista providenciava cursos para formar o seu ideal feminino.
A historiadora Irene Flunser Pimentel é testemunha deste tempo que transformou em objeto de estudo. Revoltada contra a função secundária que lhe queriam atribuir, tornou-se feminista e, mais tarde, investigadora. No livro “A cada um seu lugar – a política feminina na ditadura de Salazar” analisa este período da história portuguesa. Diz-nos a autora que a discriminação e inferiorização das mulheres foi também possível porque existia uma grande passividade da população que não lutava contra as regras instituídas. Mas nos anos 60, as raparigas começaram a invadir os liceus e nada voltou a ser como até então.
Ficha Técnica
- Título: Ler+ ler melhor - Irene Pimentel
- Tipologia: Extrato de Magazine Cultural
- Produção: Filbox produções
- Ano: 2012