José Gomes Ferreira, poeta militante da palavra
Com as palavras, "espadas de papelão", construiu sonhos, utopias, futuros de liberdade. José Gomes Ferreira dizia-se "militante da poesia total", ofício de homem e poeta abraçados na missão de mudar o mundo. Histórias, memórias e versos confirmam o ideal.
José Gomes Ferreira (1900-1985) transportava em si a força dos que não desistem do sonho. Queria salvar o mundo, fazer desaparecer a pobreza, as injustiças, a violência, os dramas que mutilam vidas e vontades. A todo este “real quotidiano” fica atento desde muito cedo o futuro poeta, nascido em 1900, no Porto, na proletária rua das Musas, que recordará em algumas poesias. Do pai, republicano e maçon, herda o exemplo combativo contra o fascismo e as preocupações sociais. José irá ser um defensor de causas empenhado, fazendo das palavras a sua arma mais poderosa.
Antes de começar a corrigir injustiças com metáforas, Gomes Ferreira convenceu-se que a sua vocação passava pelo Direito e empreendeu uma carreira diplomática na Noruega, curta, mas eficaz a comprovar o erro. Tem 30 anos quando regressa Lisboa com a certeza de que a única coisa que o interessa é, como tinha sido sempre, a literatura. Começa a escrever sobre cinema, colabora em várias publicações, é jornalista, tradutor. Depois, desafiado por amigos, começa a publicar o que há muito fechava em gavetas: poesia, ficção, contos, memórias.
Nesta viagem das palavras, que o afirmou como uma das vozes mais importantes do século XX português, José Gomes Ferreira deixou obras intemporais: “Lírio do Monte”, “Aventuras de João sem Medo”, “O Irreal Quotidiano”, “O Mundo dos Outros”, “O Tempo Escandinavo”, “A Memória das Palavras”. E outras mais, à espera de leitores e leituras.
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Ficha Técnica
- Título: Centenário do nascimento de José Gomes Ferreira
- Tipologia: Reportagem
- Autoria: Marta Rio Torto
- Produção: RTP
- Ano: 2000