Jovens, álcool e drogas: uma mistura explosiva

A festa faz-se de copo ou garrafa na mão. Beber é obrigatório. E quem ainda não experimentou, rapidamente é iniciado no ritual pelos amigos. Ou fica fora do grupo. As bebedeiras são uma instituição nas noitadas de muitos adolescentes. Com consequências graves para a saúde física e mental. Mas a ingestão de álcool promove também comportamentos de risco e facilita o consumo de drogas. O perigo de adição é total e sem controlo.

Abusam do álcool para entrar mais depressa nas noitadas. De copo na mão vencem a barreira da timidez, sentem-se integrados, irresistíveis, capazes de tudo. Não sabem eles o perigo que correm. Como o Miguel desta reportagem, que começou a beber aos 13 anos. Somou bebedeiras e acidentes rodoviários gravíssimos até perceber que tinha batido no fundo, e decidir entrar num programa de desintoxicação.

Apesar da legislação proibir a venda de todas as bebidas alcoólicas a menores de 18 anos desde abril de 2015, a lei é constantemente violada. Em nome do negócio, os estabelecimentos não olham a idades. Basta andar nas ruas dos bares e das discotecas para perceber que o consumo de cerveja, vinho e bebidas destiladas é excessivo e precoce. Se lhes é exigida identificação, os mais novos têm sempre forma de contornar o problema pedindo aos mais velhos que comprem as bebidas.

Começar nos shots – dose de álcool que se bebe de uma vez só – e ficar preso num círculo vicioso, é a história de muitos jovens, alguns com passagem pelas urgências pediátricas com intoxicações ou comas alcoólicos. Os registos hospitalares falam por si: no Dona Estefânia já deram entrada duas crianças com 11 anos, no São João do Porto chegaram miúdos com taxas entre os 0,5 e os 3,8 g/l de álcool no sangue. Em níveis tóxicos, o álcool já não lhes traz alegrias mas violência, acidentes, sexo desprotegido, depressão e outras doenças graves.

Acessível e sem a prevenção adequada, o consumo de álcool na adolescência transformou-se num problema de saúde pública. No entanto, neste tempo de vida em que a vontade de transgredir é constante, o vício de beber pode arrastar os jovens para outras toxicodependências. Substâncias perigosas, com efeitos semelhantes aos da cocaína e da cannabis estão ao alcance de todos, vendidas ilegalmente na internet e na rua. Em 2012, quando esta reportagem da RTP foi realizada, estavam também disponíveis em smartshops, lojas que foram entretanto encerradas.

Moda ou ritual, certo é que cada vez há mais jovens alcoólicos. O único trabalho a fazer é informá-los das consequências da ingestão excessiva, alertá-los para os riscos que correm, para os efeitos irreversíveis no organismo. Esta prevenção tem de ser feita cedo, em casa e nas escolas. Nesta peça contamos as experiências de Miguel e Nuno e deixamos os alertas do hepatologista  Rui Tato Marinho e de João Goulão, diretor do Serviço de Intervenção  dos Comportamentos Aditivos e Dependências.

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Ficha Técnica

  • Título: Aumento do Consumo de Bebidas Alcoólicas por Jovens
  • Tipologia: Reportagem
  • Autoria: Sandra Claudino
  • Produção: RTP
  • Ano: 2012