Mário-Henrique Leiria: reencontrar a obra do autor surrealista
Dois títulos bastaram para fazer de Mário-Henrique Leiria um escritor de culto. "Contos do Gin Tonic" e "Novos Contos do Gin" estavam no avesso do que se produzia em Portugal nos anos setenta. Histórias curtas, insólitas, cheias de sarcasmo e humor negro eram pura contra-cultura. Na poesia, ficção e pintura foi um surrealista sem regras, cultivador de estéticas marginais. Falamos da obra singular.
Frases curtas, sem desperdício de palavras. Talvez a única regra que Mário-Henrique Leiria (1923-1980) seguiu na escrita. O resto era imaginação e uma vontade indomável de “subverter o mais possível os códigos morais do bom gosto”. Seja na poesia, nos contos ou nos micro contos, há sempre acidez, sarcasmo, irreverência que provocam e inquietam. E doses concentradas de humor negro. Foi assim que se fez popular, logo aos primeiros “Contos do Gin Tonic” (1973), seguidos de “Novos Contos do Gin” (1974).
Mas a obra de Leiria não se resume a estes sucessos de venda: há mais prosa diversa, poesia inclassificável, textos inéditos, esquecidos ou dispersos que Tânia Martuscelli, professora da universidade americana de Yale, devolve agora à literatura portuguesa. Especialista na obra do autor, considera que o seu maior legado “é a postura de questionar a realidade, de assumir o seu papel político na sociedade e também tratar a arte como algo que faz parte do quotidiano.”
Fundador do primeiro grupo surrealista português com Mário Cesariny, António Maria Lisboa, Cruzeiro Seixas, entre outros, Mário-Henrique Leiria foi, acima de tudo, um experimentalista que passou por vários movimentos artísticos.
Temas
Ficha Técnica
- Título: Literatura Aqui - Mário Henrique Leira
- Tipologia: Extrato de Programa
- Produção: até ao Fim do Mundo
- Ano: 2017