Nietzsche, o Eterno Retorno e a Vontade de Poder
Nietzsche abalou convicções e tradições com as suas obras e teorias. Conceitos como "o eterno retorno" e a "vontade de poder" rebelam-se contra os valores cristãos de resignação e procuram recuperar os ideais da antiguidade. O autor defende que somos livres para criar os nossos valores, afastando opiniões e valores "doentios", num ato de superação individual que nos transformará em super-homens, seres com poder, acima das massas.
Friedrich Willhelm Nietzsche nasceu em Rocken, Prússia, a 15 de outubro de 1844. Estudou filologia clássica, estudo crítico dos textos da antiguidade grega e romana, e os seus trabalhos iniciais despertaram atenção no meio científico. De tal forma que, com vinte e quatro anos, se tornou professor da disciplina, na Universidade de Basileia.
Os primeiros anos de actividade tiveram a influência de Schopenhauer, filósofo alemão, e do compositor Wagner, de quem se tornou amigo e admirador. Mas este encanto esmoreceu ao longo dos anos e com a evolução do seu trabalho. Em 1872 publica o seu primeiro livro, “A origem da tragédia”, e seis anos mais tarde, rompe em definitivo com os seus influenciadores, com a obra “Humano, demasiado humano”. Estes representavam, então, para Nietzsche, uma orientação nostálgica para o cristianismo com um espírito de renúncia e resignação demasiado afastados dos valores vitais da antiguidade clássica com os quais ele se identificava cada vez mais.
O autor propõe uma revisão dos valores morais, baseados na defesa dos mais fracos e em religiões nas quais a fé escasseava. E propõe uma filosofia individualista, baseada na força e no poder, em que os homens, conscientes da sua liberdade em decidir, podem tornar-se super-homens. Argumentos que, mais tarde, foram utilizados pela propaganda nazi.
A sua própria vitalidade é que se deteriorou cedo. Por motivos de saúde abandonou a cátedra em 1879 e, a partir daí, foi publicando obras relevantes como “A aurora”, “A gaia ciência”, “Assim falava Zaratustra”, “Para além do bem e do mal”, “A genealogia da moral”, entre outros, mas sempre enfermo, dentro e fora das redes da loucura. Morreu em 25 de agosto de 1900, alheado da crescente fama despertada pelos seus trabalhos e da própria realidade.
“É um Clássico” é um programa da RTP2 em que o professor universitário António Caeiro comenta filosofia, filósofos e obras clássicas de forma informal. Veja neste episódio o seu comentário sobre Nietzsche e os conceitos de eterno retorno e vontade de poder.
Temas
Ficha Técnica
- Título: É um clássico
- Tipologia: Cultural
- Autoria: António Caeiro
- Produção: RTP
- Ano: 2017
- Foto:: Gustav Schultze, 1882 / wikimedia commons