O comboio trazia as tropas para Lisboa
A estação de São Bento foi inaugurada em finais de 1916 e de lá que saíram milhares de homens para Lisboa, onde eram esperados por navios que os levariam para guerra. Era de comboio que chegavam à capital, mas foi também à entrada para as suas carruagens que se despediram dos familiares ou se revoltaram contra as ordens que receberam...
Milhares de homens chegaram a Lisboa de comboio para depois embarcarem em navios. O transporte das tropas para França era feito por mar porque a Espanha era neutral e não admitia a passagem de tropas beligerantes. Apenas alguns pequenos grupos militares seguiram por comboio até Paris, mas vestidos à civil e disfarçados de turistas para não ofender a neutralidade de Espanha.
A Ilustração Portuguesa noticiava “os elogios feitos ás tropas portuguesas pela forma elevada e serena por que partem a unir-se aos exércitos anglo-franceses”. Mas até o embarque no comboio para Lisboa podia ser problemático pois muitos homens não queriam embarcar no comboio que os levaria à capital. Houve uma série de motins em batalhões de Infantaria em Lagos, Penafiel ou Lamego.
Em Janeiro de 1917, as tropas de um batalhão de Infantaria de Leiria insubordinaram-se tentando dificultar o embarque no comboio e depois voltaram a não querer embarcar já no cais de Alcântara. Motim semelhante aconteceu em Santarém.
Na Gazeta dos Caminhos de Ferro o comboio era descrito como “um maravilhoso sistema de transportes de homens e víveres”, e também “como uma verdadeira arma de guerra”.
De facto era assim visto pelo exército que tinha criado uma unidade de sapadores dos Caminhos de Ferro. Cresceu até um batalhão e consistia em 1000 homens. À chegada a França, os ingleses julgavam que se tratavam de companhias de trabalhadores e não de companhias de caminhos de ferro de engenharia, o que deu azo, mais uma vez, a desentendimentos. No final o comando inglês iria, no entanto, enaltecer o seu papel.
A construção, conservação e exploração de linhas férreas até muito próximo das primeiras linhas de defesa era fundamental. E claro, o meio para colocar o mais à frente possível os grandes canhões.
Assim, com maior ou menor vontade de chegar à frente de combate, entre Fevereiro e Março de 1917 foram transportados de comboio cerca de 20.000 homens até Lisboa, para partir para Brest de navio.
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Ficha Técnica
- Título: Postal da Grande Guerra - Ei-los que partem
- Tipologia: Programa
- Autoria: Sílvia Alves
- Produção: RTP
- Ano: 2017