“O Diário de Anne Frank”: uma peça para conhecer a menina judia

A letra pequenina de Anne Frank conta uma história comovente. Tinha apenas 13 anos quando começou a escrevê-la a partir de um abrigo secreto, espaço de esperança e tantas outras vezes de desespero, onde ficaria fechada durante mais de dois anos. Longe da realidade, sem nunca poder abandonar os 50 metros quadrados daquele esconderijo partilhado por ela e mais sete pessoas, a adolescente encontra na escrita uma forma de privacidade. Nas páginas do caderninho de capa axadrezada, conversa e desabafa com uma personagem inventada: tudo o que se passa à sua volta, os pensamentos que tem, as emoções que a assaltam, confidencia à querida Kitty.  

Através dela sabemos que a vida não era fácil no anexo de Amesterdão, que faltavam alimentos e existiam desentendimentos, que entre as oito da manhã e as seis da tarde não se podia fazer qualquer barulho que os denunciasse. Todos os que ali estavam – a família Frank, o casal Van Pels e o filho Peter, o senhor Pfeffer – eram como tantos outros milhões de judeus que tentavam escapar à fúria dos nazis de Hitler. Apesar do medo a assombrar os longos dias, apesar da tragédia da guerra, Anne acredita e quer acreditar na humanidade, na possibilidade de beleza que resta. A 15 de julho de 1944, escreve: 

“É de admirar que eu ainda não tenha abandonado todos os meus ideais, pois parecem tão absurdos e impraticáveis. E, no entanto, agarro-me a eles porque ainda acredito, apesar de tudo, que as pessoas são verdadeiramente boas nos seus corações” 

Menos de dois meses depois, Anne e todos os habitantes do esconderijo são descobertos e levados para campos de concentração. O único sobrevivente é o pai, Otto, que recupera e publica o diário da filha, a mensagem da menina judia para o mundo não esquecer o horror do Holocausto. Por isso se leva ao palco esta nova encenação, para trazer à memória o que foi esta guerra, o que é uma guerra.  

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