“O Labirinto da Saudade”: breve introdução ao ensaio de Eduardo Lourenço

Um país e a sua história são objeto de reflexão de um dos mais importantes pensadores portugueses contemporâneos. Portugal é como um paciente perdido num labirinto de mitos, traumas e sonhos que Eduardo Lourenço trata nesta “psicanálise mítica do destino português”. Quem somos, afinal? A identidade passou a ser uma questão a partir deste livro, publicado em 1978.

O ensaio de Eduardo Lourenço é como um espelho onde vemos a imagem refletida. A nossa, dos portugueses ao leme de Portugal. Distorcida, por excesso ou defeito, pelo jogo traumático de ser tudo ou nada. O povo eleito dos Descobrimentos, que fantasiou um Quinto Império, nem sempre tomou o destino nas mãos. Pobre, remediado, humilde, adormecido pela ditadura de António Salazar, perdeu a esperança, acinzentou-se. O país que ia do Minho a Timor, era pequeno na ambição. A possibilidade de renascer surgiu com a democracia em 1974, mas ainda não foi a Revolução a libertá-lo dos mitos e lendas do passado, de traumas e complexos que o impediam de se lançar em novas aventuras.  

Neste desafio de pensar quem somos, do que é ser português, a criação literária foi a bússola de Eduardo Lourenço na viagem cronológica que atravessa momentos-chave da História de Portugal. Dos cânticos de Camões a autores mais recentes, como Fernando Namora, a interpretação que faz da literatura é um dos aspetos fundamentais apontados na peça pelo professor João Dionísio.  

Depois de publicar “O Labirinto da Saudade”, Eduardo Lourenço passou a ser conhecido e reconhecido como o “pensador da portugalidade”.  

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Ficha Técnica

  • Título: Nada Será Como Dante
  • Tipologia: Extrato de Magazine Cultural - Reportagem
  • Produção: até ao Fim do Mundo
  • Ano: 2023