O Meu Livro: “A Quinta dos Animais”, de George Orwell

Uma fábula que é uma parábola contra todos os totalitarismos. George Orwell escreveu Animal Farm para criticar a experiência comunista sob a liderança de Josef Estaline. A revolução russa e os ideais socialistas estavam a ser violentamente traídos na União Soviética. Concluída em 1944, a novela do escritor inglês só seria publicada no ano a seguir, quando Hitler, outro grande ditador, perde a II Guerra Mundial. Mas os tempos satirizados na Quinta dos Animais voltam hoje a ser uma ameaça real às democracias do mundo. Também por isso Teresa Pina escolheu este livro.

“Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros”. O mandamento dos porcos triunfantes sintetiza a metáfora de George Orwell sobre as revoluções que substituem velhos por novos tiranos. Esperança e desencanto numa história protagonizada por animais que, após expulsarem os seus exploradores e de criarem as regras do Animalismo, conseguem pôr a funcionar um modelo de autogestão.

A experiência resulta até ao momento em que os jovens líderes percebem que podem controlar e dominar os camaradas, dando-lhes mais trabalho, menos comida e filtrando a verdade. Os princípios fundamentais do regime são traídos, a ideologia morre às mãos dos porcos que, agora, imitam os antigos opressores. Dormem na cama dos homens, bebem o seu uísque, e, tal como os inimigos faziam, matam os que não lhes obedecem. No fim, “era impossível distinguir” os porcos dos homens e os homens dos porcos.

Ler a “Quinta dos Animais” é compreender a ameaça dos regimes totalitários no tempo passado e no tempo presente, perceber como minorias corruptas e perigosas conseguem chegar ao poder e perpetuar a sua influência através de um eficaz sistema de propaganda produzindo notícias falsas ou com acontecimentos filtrados pela censura para controlar a opinião pública e impedir que mesmo cidadãos mais esclarecidos tenham acesso à verdade, aos acontecimentos verdadeiros. O perigo da parábola de Orwell, obra que pretendia denunciar o que se passava na Rússia Soviética e, sobretudo, desmascarar Josef Estaline, está de novo a ensombrar alguns países da Europa.

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Será que o pensamento totalitário pode vencer a democracia? Teresa Pina, diretora executiva da Secção Portuguesa da Amnistia Internacional, diz que tudo pode mudar. A qualquer momento.

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Ficha Técnica

  • Título: Ler + ler melhor
  • Autoria: Teresa Sampaio
  • Ano: 2013