1 de Maio

O Povo Unido Jamais Será Vencido

O significado deste slogan encontra-se num tempo revolucionário. Quando subitamente meio século de ditadura desapareceu com um golpe militar e a liberdade passou a ser a realidade de um povo inteiro. Seis dias depois do 25 de Abril, o Dia do Trabalho voltou a ser o Dia do Trabalhador, o primeiro 1.º de Maio em democracia, festejado em absoluta euforia nas ruas com os dedos em V de vitória e muitas palavras de ordem. Como esta, símbolo de velhas e novas lutas: o Povo Unido Jamais Será Vencido!

O povo saiu à rua para inaugurar um tempo novo. Após a repressão da ditadura exercida durante 48 anos, os portugueses experimentavam a Liberdade numa celebração coletiva, contagiante e irrepetível. As manifestações do Dia do Trabalhador que ocorreram em Lisboa e no Porto em 1974 impressionaram na dimensão, no exemplo de civismo e na genuína alegria partilhada entre todos, conhecidos e desconhecidos. Com dedos em V de vitória, a comungar o mesmo sentimento.

Nos desfiles e comícios havia bandeiras nacionais e flores, estandartes de partidos e sindicatos, cartazes populares e milhares de vozes unidas na banda sonora da revolução. Ao mesmo tempo que cantarolavam a Grândola de Zeca Afonso e outras canções proibidas pela censura, gritavam palavras de ordem contra o fascismo e em defesa dos valores da democracia.

Um dos símbolos que ficou desse Abril transformador é este slogan – O Povo Unido Jamais Será Vencido – que continua a ecoar como cântico de liberdade nas manifestações de trabalhadores por cá e por todo o mundo. Memória viva da revolução portuguesa, foi importado de outra luta popular, ocorrida no Chile, em 1973, depois do golpe de Estado liderado por Augusto Pinochet que derrubou o presidente Salvador Allende. A história está contada nesta reportagem por Luís Farinha, diretor do Museu do Aljube.

 

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Ficha Técnica

  • Título: Nada Será Como Dante
  • Tipologia: Extrato de Programa Cultural - Reportagem
  • Produção: até ao Fim do Mundo
  • Ano: 2019