“O Príncipe”: a arte de fazer política, segundo Maquiavel

Um manual para ensinar príncipes florentinos, um guia de instruções para tiranos, um tratado para governantes dos tempos modernos. O pequeno livro de Nicolau Maquiavel é sobre a arte de bem fazer política, útil aos que querem tomar as rédeas do poder. Sem grandes escrúpulos, se necessário for. Sem grandes cedências a critérios religiosos ou morais. Esta visão transformou-lhe o nome num adjetivo quase demoníaco. É o maquiavelismo em ação.

Escrita há mais de cinco séculos, a obra de Maquiavel tornou-se intemporal. A intenção do autor seria mais modesta, apenas encontrara um meio para atingir a ribalta. Pretendia cair nas boas graças dos Médici e, desta forma, ter uma nova oportunidade na vida política. Ambicioso, portanto, o autor, antigo diplomata acusado de conspiração, inspirou-se na figura de César Bórgia, filho do Papa Alexandre VI, para dar lições de governação ao Príncipe da poderosa família que agora mandava na República de Florença.  

Florença no século XVI

No pequeno tratado de 1531, Maquiavel deixou claro que o poder não podia ser exercido por homens fracos, receosos em tomar decisões amorais ou iludidos por ideais. Nas suas palavras, o seu Príncipe, o líder absoluto, defende o que é bom enquanto pode, mas faz o mal quando é necessário, e assim ver-se-á confrontado com a necessidade frequente de ir contra a verdade, contra a caridade, contra a humanidade e contra a religião. 

Pela primeira vez, advogava-se uma prática política autónoma, realista, independente da Igreja Católica, sem olhar a questões éticas ou morais. Esta visão do mundo apoiada na observação da natureza humana, na leitura dos autores da antiguidade clássica, na experiência que tivera enquanto alto funcionário da República de Florença, influenciou lideranças, mas não ficou isenta de polémica.

O conselheiro de príncipes, foi acusado de formar tiranos, criticado, satirizado e o livro fundador da política moderna, proibido. Maquiavel ficou maquiavélico, o nome ganhou a eternidade, mas também para sempre passou a ressoar como sinónimo de cínico, manhoso, sem escrúpulos. Para uns o diabo, para outros um pensador lúcido e racional. Na leitura de António Horta Fernandes, o texto revela “qualidades e eventuais defeitos” do pensador italiano. Vamos conhecer a opinião do professor universitário.

Uma reflexão de Hannah Arendt sobre política e políticos
Veja Também

Uma reflexão de Hannah Arendt sobre política e políticos

Temas

Ficha Técnica

  • Título: Nada Será Como Dante
  • Tipologia: Extrato de Magazine Cultural - Reportagem
  • Produção: até ao Fim do Mundo
  • Ano: 2023