“O Que Diz Molero”, a obra maior de Dinis Machado
Foi em 1977 que a história de um rapaz sem nome virou culto. Porque as peripécias que Dinis Machado contava vinham numa linguagem nova, com uma narrativa que não obedecia aos cânones literários da época. A revolução de um livro, depois do 25 Abril.
Antes do romance que lhe deu um lugar de destaque na literatura portuguesa, Dinis Machado (1930-2008) era Dennis McShade, autor de policiais. Com Peter Maynard, o seu assassino profissional, ensaiou uma linguagem própria, porque sempre quis ser um novelista “capaz de dizer tudo num só livro”.
Chegado aos 47 anos de uma vida cheia, com a infância passada no popular Bairro Alto, as redações dos jornais desportivos inauguradas na juventude, as paixões assumidas pelo cinema e pela banda desenhada, escreve a obra definitiva: as aventuras de um rapaz que procura o sentido da vida, relatadas pelo detetive Molero, a Austin e Mister DeLuxe, os chefes de uma organização meio secreta. Com mais de 200 personagens em cena, os episódios seguem-se num ritmo alucinante, utilizando uma linguagem que mistura poesia e calão, sem fronteiras entre a tragédia e a comédia. Pouco mais de 100 páginas transformadas em sucesso instantâneo que fizeram estremecer a seriedade das letras portuguesas.
“O Que Diz Molero” marcou tanto a adolescência de um outro rapaz, que ficou o livro da sua vida. Nuno Artur Silva, também ele escritor, conta como entrou no universo estranho criado por Dinis Machado e a razão que o levou a adaptar o romance para o teatro, com encenação de António Jorge Gonçalves e representação de António Feio e José Pedro Gomes. Outro êxito, em 1994.
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Ficha Técnica
- Título: Ler+ ler melhor - Dinis Machado, "O que diz Molero"
- Tipologia: Extrato de Magazine Cultural
- Produção: Filbox produções
- Ano: 2013