Outra Escola: dos zero aos três
A conquista do ensino dos zero aos três anos é recente e ainda não integra o sistema público de educação. Mas todos os estudos indicam que a aposta nos primeiros anos de vida produz um retorno a longo prazo, pois cria uma sociedade mais preparada e criativa. Um mergulho no mundo dos bebés e das creches, lugar de encontro entre crianças, pais e comunidade, dá-nos a conhecer novas visões sobre o que é ser criança no século XXI.
Quando se faz a transição de bebé para a infância? Aos três anos? E é nessa transição que devemos começar a ser formalmente ensinados? Em Portugal é assim que é considerada a questão. A lei enquadra a educação pré-escolar, a partir dos três anos, como “a primeira etapa da educação básica no processo de educação ao longo da vida”. Por isso as creches não integram o sistema nacional de educação, ainda que sejam exigidos para o seu funcionamento profissionais qualificados, os educadores de infância.
As creches são ainda vistas por muitos como espaços assistenciais, mas quem gere a educação destas crianças no seu dia a dia explica que a missão não é guardar e sim educar. Ensinar a comer é tão educativo como contar uma história. Realçam os pedagogos que “fala-se da necessidade de assegurar uma maior intencionalidade educativa dos zero aos três anos, muito por efeito do que se sabe das neurociências, da importância do desenvolvimento cognitivo e afetivo nessa fase da vida”.
A aprendizagem é feita de duas formas A que vem de fora para dentro e a que acontece com os bebés: uma aprendizagem dentro de si próprios, potenciada por estímulos exteriores. E neste caso as interações são muito importantes. Hoje está a valorizar-se este lado das fundações do que vai ser posteriormente aprendido nas escolas. Os primeiros anos serão refletidos durante o crescimento e mesmo na fase adulta. ” Educar não tem momentos especiais. A arte de educar é sempre”.
São ideias que alteram o conceito do que é hoje uma criança no primeiro estágio do seu desenvolvimento. Não um indivíduo em ponto pequeno, mas um cidadão. Retirou-se à criança, durante décadas, o seu espaço social: a aldeia/bairro, a comunidade, a família alargada. Foi remetida para um espaço próprio e solitário. Escondida “para não incomodar com o barulho, nem ser incomodada por ele”. As creches acabam por ser o espelho dessa sociedade de que a criança foi afastada. Ali têm o seu espaço de convívio, de afeto, de humanização.
Temas
Ficha Técnica
- Título: Outra Escola - episódio 8
- Tipologia: Programa
- Autoria: Filipa Reis / João Miller Guerra / Maria Gil
- Produção: Vende-se Filmes
- Ano: 2019