Raul Brandão, o escritor da luz e da sombra

Escreveu ficção, teatro, livros de viagens, memórias. Deixou-se influenciar pelos movimentos literários da sua geração, mas mais do que um simbolista como Camilo Pessanha ou António Nobre, Raul Brandão foi um expressionista e um modernista antes do tempo. A obra que deixou tem vozes de pescadores, vagabundos, ladrões e moribundos lá dentro. E paisagens que parecem pinturas. Trágica e luminosa, sublinha-se na peça. Como a alma deste autor português nascido há mais de 150 anos, na Foz do Douro.

Escrevia como o pintor que gostava de ser. As palavras traduziam espanto, emoção, sofrimento. Nem sempre transmitiam alegria, nem sempre carregavam o peso do drama. A escrita de Raul Brandão resultava de um tumulto interior, do diálogo íntimo que mantinha consigo mesmo. Sombrio e luminoso; noite e dia a marcarem a obra extensa.

“As Ilhas Desconhecidas” e “Húmus” são apontados nesta peça como exemplos destes dois lados do autor, pioneiro do modernismo e da literatura de viagens em português. Para António Machado Pires e Margarida Braga Neves, ambos professores universitários, o relato impressionista que Brandão faz da visita aos Açores e à Madeira tem cor e luz e uma dimensão de tragédia. Mas é em “Húmus”, naquele que é considerado o seu livro mais importante, que se sente e pressente a fase mais dramática da sua vida. Uma prosa de contrastes que também faz dele um grande escritor.  

“As Ilhas Desconhecidas”, de Raul Brandão
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“As Ilhas Desconhecidas”, de Raul Brandão

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Ficha Técnica

  • Título: Literatura Aqui
  • Tipologia: Extrato de Magazine Cultural - Reportagem
  • Produção: até ao Fim do Mundo
  • Ano: 2018