São Tomás de Aquino e a distinção entre a essência e existência.
A pergunta pela alma coloca-se desde tempos imemoriais: existe uma alma sem corpo? E o corpo, existe sem alma, sem espírito? Para Tomás de Aquino a alma depende da vida e esta depende do espírito que necessita da presença de Deus. A busca de Aquino não é sobre a relação da alma dentro de um corpo com o mundo, fora dela, mas antes da relação desta com Deus, como de um efeito com a sua causa.
São Tomás de Aquino, recuperou as teses aristotélicas para construir uma visão própria e aproximar a filosofia da visão monástica do século XIII. Para ele, Aristóteles conduziu a investigação filosófica até onde a razão humana pode ir. Para além desse ponto, só existe a fé. A tarefa a que Aquino se propôs então, foi unir a filosofia e a fé, a obra aristotélica e a verdade revelada por Deus depositada na Igreja e, para isso, estabeleceu um sistema apoiado em duas condições:
- A separação entre a filosofia e a teologia, a investigação racional e a revelação divina;
- Que o critério da investigação filosófica, separe o objeto da teologia (a essência, o ser de Deus) do seu próprio objeto de estudo (a existência do ente, o ser das criaturas).
Ligadas entre si, estas premissas formam o principio nuclear da tese tomista: a distinção entre a essência e a existência. De forma contrária ao que Aristóteles apresentou, Aquino defende que a palavra “ser” tem dois significados que não são idênticos, nem completamente distintos. Correspondem entre si de forma proporcional num sentido de causa – o ser divino, a essência – e efeito – o ser dos entes, das criaturas, a existência.
E por isso, na metafísica de Tomás de Aquino, a contingência existencial do “ser” do mundo, finito, depende da essência de Deus e, reproduz de modo imperfeito, a sua infinitude.
Tomás, da família dos condes de Aquino, nasceu em 1226, próximo de Cassino. Iniciou a sua educação na abadia de Montecassino e ingressou como monge na ordem dos Dominicanos. Em 1257, foi nomeado mestre, da Universidade de Paris, regressando a Itália dois anos depois. Dividiu a sua vida de ensino entre França e Itália, nas universidades de Paris e de Nápoles. Crê-se que escreveu 36 obras e 25 opúsculos de que se destaca, aquela que é provavelmente a sua primeira obra, De Ente et Essencia, O Ente e a Essência. Morreu em 7 de março de 1274, na abadia cisterciense de Fossanova.
“É um Clássico” é um programa da RTP2 em que o professor universitário António Caeiro comenta filosofia, filósofos e obras clássicas de forma informal. Veja, neste episódio, o seu comentário sobre São Tomás de Aquino.
Temas
Ficha Técnica
- Título: É um Clássico
- Tipologia: Cultural
- Autoria: António Caeiro
- Produção: RTP
- Ano: 2017
- imagem: Tomás de Aquino, foto da coleção da Galeria Nacional por Siko (em domínio público)