Saque de Constantinopla pelos Cruzados

Os exércitos cruzados estavam acampados nas vizinhanças da cidade havia vários meses e já a tinham sujeitado a um cerco, ao longo do ano de 1203, como consequência de uma luta pelo poder no interior no império bizantino.

O primeiro assalto teve lugar no dia 9 de abril, mas fracassou devido ao mau tempo. No dia 12, os navios de Veneza conseguiram aproximar-se das muralhas e um pequeno contingente de cruzados conseguiu entrar na cidade.

Constantinopla foi então sujeita a um terrível saque, que durou três dias. Os cruzados destruíram igrejas e edifícios e espoliaram a cidade das suas riquezas, reunindo um riquíssimo saque, que foi dividido entre os cruzados e os venezianos.

• Qual o motivo do ataque?

O ataque a Constantinopla ocorreu no contexto da Quarta Cruzada, que tinha sido pregada pelo papa Inocêncio III e preparada com o apoio da marinha de Veneza.

O objetivo da expedição era o Egito e a Terra Santa, mas os exércitos cruzados acabaram por alterar o seu rumo para Constantinopla, atraídos pela proposta de um candidato ao trono bizantino, que lhes prometeu um enorme resgate se o ajudassem a recuperar o poder.

Em julho de 1203, os cruzados desembarcaram na cidade e envolveram-se na luta política que ali se desenrolava. No entanto, a presença de um exército estrangeiro causou a revolta da corte e da população da cidade.

Alexios IV, o candidato ao trono apoiado pelos cruzados, acabou por ser morto e o novo imperador era claramente hostil à presença dos estrangeiros. Vendo-se assim impedidos de obter o resgate que lhes tinha sido prometido, os cruzados e venezianos procederam ao ataque e à pilhagem da cidade.

• Quais foram os efeitos da ofensiva?

O ataque a Constantinopla não causou apenas uma terrível destruição e roubo das riquezas da cidade. Causou igualmente a queda do império bizantino.

Os cruzados colocaram no trono Balduíno, conde da Flandres, e as várias províncias do império foram repartidas entre as grandes figuras da Quarta Cruzada. Nasceu, assim, o Império Latino, que marcou um período de ocupação do império pelos cruzados, e que sobreviveu até 1261, data em que uma nova dinastia expulsou os estrangeiros e restaurou o império bizantino.

Apesar de partilharem uma religião comum, a hostilidade entre a igreja católica romana e a igreja ortodoxa grega, assim como entre as potências latinas ocidentais e o império bizantino, tinha raízes profundas, mas o saque de Constantinopla marcou a rotura definitiva entre os dois mundos. O império bizantino definhou ao longo dos séculos seguintes e acabou por sucumbir à expansão dos turcos otomanos, em 1453.

A normalização das relações entre a cristandade ocidental e oriental só veio a ocorrer no século XX, e em 2001 o papa lamentou e pediu desculpas pelos eventos da Quarta Cruzada, que foram aceites pelo patriarca de Constantinopla, o principal bispo da igreja ortodoxa grega.

Ouça aqui outros episódios do programa Dias da História

Veja Também

Principais contribuições culturais do mundo helénico