“Soneto da Fidelidade”, de Vinicius de Moraes

Nos versos e nas canções, o amor foi sempre "o fundamental" de Vinicius de Moraes. Escrevia com os muitos amores que cresciam dentro de si, as paixões fulminantes e os desencantos que confessava nas letras dos seus sonetos. Ao sabor da bossa nova ouvimos o poeta carioca a sofrer em cantos tristes e a perder-se em renovadas juras de amor: " que seja infinito enquanto dure". Está tudo aqui, neste episódio do Programa Voz e no soneto que se segue lido por Catarina Furtado.

Soneto da Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes

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Ficha Técnica

  • Título: "Voz"
  • Tipologia: Programa de Poesia
  • Autoria: Produções Fictícias
  • Produção: até ao Fim do Mundo
  • Ano: 2005