“Syrinx, Ficção Pastoral (XVII)”, de António Franco Alexandre

António Franco Alexandre acredita que os poemas fazem parte da arte do improviso. Aqui reproduzimos versos seus, lidos pela atriz Joana Seixas, fragmentos reveladores da experiência da escrita começada aos 17 anos. "Syrinx, Ficção Pastoral" pertence a "Quatro Caprichos", obra editada em 1998 e distinguida um ano depois com o Grande Prémio Poesia APE. Um encontro com a poesia para ver, ouvir e ler aqui.

Syrinx, Ficção Pastoral (XVII)

Perdoa, não sabia que cantavas
Em sossego, silenciosamente. Neste calor
é preciso beber água gelada; também convém
não adorar ídolos, por exemplo a imagem
que aí trazes de ti e te atormenta
(ou me atormenta a mim?).
Outros exemplos incluem jardins de babilónia,
Erupções do etna, o efeito
afrodisíaco do diamante,
as ciências da educação.
Vou-me sentar aqui, respirar até doer
as coisas possíveis nunca reais,
aprender, nó a nó, como te soltas;
Vamos cair num poço, sem
bússola e pára-quedas, vamos ser o primeiro
amor a dois no mundo.

António Franco Alexandre
in Quatro Caprichos

Temas

Ficha Técnica

  • Título: "Voz"
  • Tipologia: Programa de Poesia
  • Autoria: Produções Fictícias
  • Produção: até ao Fim do Mundo
  • Ano: 2005