Um ídolo do Neolítico

A pequena figurinha feminina de olhos solares é uma provável divindade com muitos milhares de anos. Esculpida e gravada num seixo de anfibolito, estaria associada a rituais religiosos de comunidades acabadas de construir pelo novo Homem do Neolítico. Mas esta peça, conta o arqueólogo Luiz Oosterbeek, é também testemunho do início da representação humana.

Quando o Homem começa a enraizar-se na terra, a construir comunidades estáveis, os olhos mudam de direção e a visão que tem do mundo também. Em vez de perscrutar o horizonte como fazia enquanto caçador à procura de animais, vê-se agora no papel de aprendiz de agricultor, a decifrar sinais no céu favoráveis às suas colheitas.  

A transformação é profunda, tem o tamanho da maior revolução da história da humanidade. Depois de dois milhões de anos em extenso nomadismo, o Homem entrava na sedentarização do chamado período Neolítico. Trocava espaço por segurança. Limitado a um raio de poucos quilómetros, criava uma nova organização social, política, económica, cultural.

A revolução do Neolítico, a economia de produção e a sedentarização
Explicador

A revolução do Neolítico, a economia de produção e a sedentarização

Pela primeira vez, fazia-se representar em objetos simbólicos, alguns apenas decorativos, outros ligados a práticas religiosas. Como este ídolo, com olhos a parecerem sóis, marcas de tatuagens ou braços, um triângulo púbico feminino e pernas. Detalhes simples, tão facilmente replicáveis, que a pequena figurinha que aqui vemos teve estatuto de ícone há cerca de 6000 anos.  Fazemos esta viagem a um mundo que existiu muito antes de nós e que se mostra em fragmentos no Museu Ibérico de Arqueologia e Arte, de Abrantes, com o arqueólogo Luiz Oosterbeek.

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Ficha Técnica

  • Título: Visita Guiada - Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes
  • Tipologia: Excerto de Programa de Cultura Geral
  • Autoria: Paula Moura Pinheiro
  • Produção: RTP
  • Ano: 2022