Uma viagem ao mundo das farmácias antigas
Os espaços que aqui visitamos são tão antigos que mais apropriado será adotar a grafia da época e tratá-los com a deferência que o ph emprestava às palavras. Porque as «pharmácias» eram lugares especiais onde se cozinhavam poções que mais ninguém conhecia.
As receitas do século XVIII tinham o sabor de mezinhas, preparadas com sementes, folhas, elixires secretos e até, se necessário, uma pitada de crocodilo, matéria requisitada no tratamento de algumas doenças.
Os ingredientes eram doseados, triturados, fervidos, como mandava a Farmacopeia Tubalense publicada em 1735, o grande livro que todos os boticários, os farmacêuticos da época, tinham e religiosamente seguiam com exatidão química.
Para uma simples dor de cabeça, por exemplo, juntavam chá verde, enxofre, pedra hume, flores de hipericão, alecrim, salva, arruda, poejos, vinho branco, água de erva moura e mel rosado. A poção seria substituída no século seguinte por um pequeno comprimido branco chamado aspirina. Nessa altura os estabelecimentos conhecidos por boticas deram lugar a farmácias, algumas com ar mais austero, e os boticários começara a ser tutelados por farmacêuticos com formação universitária.
A transformação das farmácias seguiu e refletiu todas as descobertas que a ciência foi fazendo para curar maleitas do corpo, como se pode ver neste vídeo em que mostramos quatro estabelecimentos dos XVIII, XIX e XX que foram retirados dos lugares de origem e reconstruídos no Museu da Farmácia. As histórias que se seguem, como a da balança falante, da famosa Eustácio do Porto, são aqui contadas por João Neto e Paula Basso.