Explicador Explicador

A primeira fase da industrialização

A primeira fase da industrialização

A energia a vapor foi fundamental para a Revolução Industrial iniciada na Inglaterra. Os avanços tecnológicos são causa e consequência de outras transformações que tiveram lugar na sociedade britânica. A revolução agrícola, o crescimento populacional, a unificação do mercado interno, o desenvolvimento dos transportes e a renovação do setor financeiro potenciaram o aumento da procura, exigindo mais produção o que, por sua vez, estimulou as invenções técnicas.

No século XVIII, o mundo entrou na era industrial, sendo a Inglaterra a pioneira. Se os avanços tecnológicos foram decisivos para este sucesso, não devemos descurar as grandes transformações da sociedade inglesa que estimularam as invenções técnicas, decisivas para espoletar a industrialização.

A Revolução Industrial foi um processo complexo que significou a passagem de uma sociedade agrícola e rural para uma sociedade industrial e urbana. Estas mudanças alteraram as sociedades a aceleraram o crescimento económico e o desenvolvimento tecnológico.

Inauguração do Canal do Suez, no Egito
Veja Também

Inauguração do Canal do Suez, no Egito

As grandes inovações na Inglaterra começaram a sentir-se na agricultura. Nesta área as novas técnicas agrícolas permitiram um aumento da produtividade e da produção, em quantidade e qualidade. Foi eliminado o pousio e o sistema de afolhamento trienal de culturas foi substituído pela divisão da terra em quatro folhas. Desta forma, todo o terreno era cultivado sendo associado às tradicionais culturas, os cereais, as leguminosas e as plantas forrageiras que alimentavam os animais. Esta nova técnica permitiu mais produção de alimentos e ao mesmo tempo associou a agricultura à criação de gado, aumentando também o consumo de carne.

Com mais terras para cultivar houve a necessidade de inovações técnicas capazes de ultrapassar a elevada necessidade de mão de obra. Surgiu o semeador mecânico que permitiu um aproveitamento maior das sementes lançadas ao solo, ao contrário do que se verificava com o lançamento manual.

O sistema de propriedade também foi alterado. Os campos abertos foram substituídos pelos campos fechados. As terras vedadas por sebes e emparceladas terminou com as terras comunitárias e concentrou-as nas mãos de grandes proprietários que fizeram uma gestão capitalista da atividade agrícola. Uma parte significativa dos lucros eram destinados a mais investimentos nas propriedades, nomeadamente em inovações técnicas que permitiriam potenciar os lucros.

As alterações ocorridas na agricultura permitiram um aumento demográfico. A população com mais recursos alimentares resistia melhor à doença e a esperança de vida aumentou. As cidades cresceram e tinham mão de obra jovem disponível. Com a expansão agrícola e o crescimento populacional houve também o desenvolvimento do mercado interno. A circulação de produtos foi facilitada com a construção de canais e a melhoria da rede de estradas. A Inglaterra também não tinha entraves à circulação interna, como portagens e barreiras alfandegárias, como alguns países absolutistas, o que favorecia o dinamismo comercial e tornava os produtos mais baratos.

A máquina a vapor
Veja Também

A máquina a vapor

Outro fator importante para a Inglaterra foi o seu pujante mercado externo, nomeadamente as matérias-primas coloniais que eram transformadas e vendidas aos restantes países europeus. A economia inglesa cresceu de uma forma notável o que permitiu a acumulação de capitais, desenvolvendo o sistema financeiro com a proliferação de bancos que financiavam a economia e a bolsa de valores onde se transacionavam títulos de propriedade, geralmente ações, de empresas e companhias.

Todo este crescimento económico e financeiro só foi possível com novas fontes de energia que permitiram aumentar a capacidade produtiva e transformar as pequenas oficinas em unidades que lentamente se iam mecanizando. Neste contexto, a energia a vapor ganhou especial destaque beneficiando de desenvolvimentos técnicos que foram rapidamente aplicadas à produção de bens. O século XVIII assistiu a uma série de invenções ligados à energia a vapor, tendo para isso contribuído as enormes reservas de carvão que a Inglaterra possuía, usado como fonte de energia.

Assim, Thomas Newcomen inventou a bomba a vapor em 1708, que foi aplicada desde 1711 na extração de água das minas. Contudo, era uma máquina lenta e consumia muita energia. Em 1769, James Watt inventou a máquina a vapor com condensador separado, reduziu o consumo de energia e aumentou a rapidez de funcionamento. O mesmo Watt, entre 1781 e 1784, trabalhou numa solução que permitiu a utilização da energia a vapor a todo o tipo de máquinas. Em 1785, a máquina a vapor foi aplicada à fiação, em 1787 à tecelagem e em 1790 à indústria siderúrgica. A máquina a vapor executava um volume de trabalho que antes teria de ser desenvolvido por uma quantidade enorme de braços.

Está aí a quarta revolução da produção
Veja Também

Está aí a quarta revolução da produção

A Revolução Industrial beneficiou de todas estas invenções, mas ao mesmo tempo o desenvolvimento da sociedade e a necessidade de aumentar a produção, face ao crescente consumo, contribuiu decisivamente para estimular a capacidade criativa.

Síntese:

  • A Revolução Industrial acelerou o crescimento económico mundial e iniciou-se na Inglaterra no século XVIII.
  • As grandes inovações tecnológicas foram precedidas por grandes transformações no setor agrícola que permitiram um rápido crescimento populacional.
  • A industrialização só foi possível graças à energia a vapor que era alimentada pelo carvão, matéria-prima abundante em Inglaterra.

Temas

Ficha Técnica

  • Área Pedagógica: Identificar as principais características da primeira fase da industrialização (“Idade do vapor”).
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Associação dos Professores de História/Nuno Pousinho
  • Ano: 2021
  • Imagem: Black Country, Borinage, Constantin Meunier