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Interpretação de dados experimentais

Mecanismos de transporte no xilema

Mecanismos de transporte no xilema

O xilema ou lenho é o tecido condutor que transporta a água e os sais minerais (seiva bruta) da raiz até às folhas, onde são utilizados. Duas são as hipóteses explicativas para esse movimento: a hipótese da pressão radicular e a hipótese da tensão-coesão-adesão.

As primeiras ideias para explicar a subida da seiva bruta no lenho consubstanciavam a premissa de que existiam células vivas no caule que seriam responsáveis por empurrar a água e os sais minerais até à parte aérea da planta.

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Contudo, em 1893, Strasburger realizou um conjunto de vias investigativas que vieram rejeitar essas tentativas de explicação. Utilizou árvores com cerca de 20 metros às quais cortou os caules, junto às raízes. Colocou cada um dos caules cortados numa solução venenosa que iria matar todas as células desde a base até à extremidade aérea. Ao atingir as folhas, verificou-se que o líquido venenoso causava a morte de todas as folhas. Só neste momento se registava a interrupção da subida do líquido. Este botânico constatou, assim, que, mesmo sem raízes, a água ascendia, sendo, por isso, as folhas as responsáveis por esse movimento ascensional. O mesmo se pode concluir através de uma experiência muito simples: se colocarmos cravos brancos (sem raiz) em copos contendo corantes, ao fim de algum tempo, o cravo apresentará a cor do corante utilizado uma vez que a água ascende e arrasta consigo o corante, tornando as pétalas dessa cor.

Não obstante as evidências experimentais de Strasburger, muitos fisiologistas vegetais defenderam a hipótese da pressão radicular. Quando uma planta de sardinheira, por exemplo, envasada é cortada alguns centímetros acima do solo e à sua extremidade enraizada se liga um tubo de borracha curto e justo e a este um tubo de vidro curvo com mercúrio, verificar-se-á que este se enche de uma coluna de água proveniente do caule da planta, fazendo subir o nível do mercúrio.

Se a uma planta forem removidas as raízes e o caule for mergulhado em água contendo corante, podemos seguir o trajeto da água na planta, usando um potómetro que consiste num dispositivo constituído por um depósito de água, que pode ser um gobelé, ligado a um tubo capilar no qual se introduz uma bolha de ar que vai funcionar como indicador da perda de água por transpiração. A planta encontra-se ligada na outra extremidade do tubo capilar, que terá que ser devidamente selado. Esta experiência permitiu perceber que a planta perde água ao nível das folhas, por transpiração, causando uma pressão negativa que propicia a subida da água ao longo do caule desde as raízes. Tal facto é evidenciado através da observação da deslocação da bolha de ar no interior do tubo capilar. Esta via investigativa veio comprovar que o mecanismo da tensão-coesão-adesão constitui uma explicação sólida e consistente para o transporte da seiva bruta ao longo do xilema.

Em resumo:

  • O movimento da seiva bruta, contra a gravidade, tem entusiasmado, desde muito cedo, os botânicos.
  • Ao longo do tempo, foram muitas as experiências realizadas para corroborar as ideias sobre a ascensão da seiva bruta no xilema (tanto a favor da hipótese da pressão radicular como da hipótese da tensão-coesão-adesão).

Temas

Ficha Técnica

  • Título: Interpretação de dados experimentais sobre mecanismos de transporte no xilema
  • Área Pedagógica: Biologia
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia - APPBG
  • Ano: 2020
  • Imagem: Foto de Flora Westbrook no Pexels