A censura chega à imprensa
A liberdade de imprensa e de informar foi uma das primeiras vítimas da guerra e a censura introduziu também grandes mudanças na jovem República portuguesa.
A primeira restrição à imprensa surgiu a 30 de Novembro de 1914, num decreto que proibia a publicação de notícias relativas ao movimento das forças militares portuguesas, e no espaço de dois anos, surgiria nova legislação que restringiu cada vez mais a publicação de certo tipo de informações.
O sistema de censura só seria imposto em 1916, três dias depois após a declaração de guerra pela Alemanha. Passava a existir uma estrutura que permitia, com o argumento do estado de guerra, apreender periódicos ou outro material impresso, quer fosse escrito ou ilustrado.
Passadas duas semanas começou a falar-se de “censura preventiva”’ com o objetivo de travar a divulgação de “boato ou informação capaz de alarmar o espírito público ou de causar prejuízo ao Estado quer à sua segurança interna quer externa”.
Sob escrutínio estava ainda toda a “afirmação ofensiva da dignidade ou do decoro nacional”, um chapéu onde caberia praticamente tudo, mas a imprensa resistia aos espaços em branco. Muitos jornais foram impedidos de circular.
As dificuldades dos periódicos durante este período foram muito para além da censura. O preço do papel quase triplicara desde o início da guerra – passando de 83 réis para 2 tostões -, o que já de si colocava a imprensa em risco, obrigando mesmo alguns a interromper a publicação.
Algumas caricaturas e comentários causticos escapavam à censura, liderada por um oficial de cavalaria, logo baptizado pelos jornalistas por professor de equitação. A contestação cresceu de tom, sem grandes resultados, mas em alguns jornais os espaços em branco – deixados pelos textos e frases eliminados – causavam algum incómodo.
Temas
Ficha Técnica
- Título: Postal da Grande Guerra - Censura na imprensa
- Tipologia: Programa
- Autoria: Sílvia Alves
- Produção: RTP
- Ano: 2016