Agostinho da Silva entrevistado por Manuel António Pina

Manuel António Pina é o jornalista que conduz esta "conversa vadia" com o filósofo Agostinho da Silva. Percorrem caminhos tão variados como a poesia, o dever da economia tornar a vida melhor ou a necessidade de uma nova maneira de explicar o mundo

“Poeta” herdou do grego o significado de “aquele que cria”. A linguagem comum juntou-lhe a música e a palavra transformou-se em poesia.

Para Agostinho da Silva todos nascem “poetas” e idealmente deviam manter o espírito de criança para criar coisas novas toda a vida, como por exemplo os economistas que deviam implementar de forma prática uma vida gratuita, em vez de calcular taxas de juro e inflações. Sem utopias e com aplicações práticas, o visionário Rei D. Dinis ao “nacionalizar” os Templários, transformados em banqueiros, arranjou dinheiro para o Infante D. Henrique navegar.

Agostinho da Silva recomenda que não nos deixemos apanhar pela luta económica, nem pela ilusão do prestígio e poder. Num presente incerto e difícil, a história pode ajudar-nos e o filósofo lembra o exemplo de São Bento que deixou de vadiar pelo mundo, dedicando-se ao seu Mosteiro, ou seja: devemos encontrar os próprios valores, criar novas atitudes por nós próprios e protegê-las das influências negativas, mas sempre disponíveis para acolher a novidade, como faria o Santo: “quando alguém bater à porta do Mosteiro abra-a, nem que seja o mais miserável, porque pode ser Deus disfarçado”

A novidade, pode até ser um novo modelo de explicação do mundo que não o puramente racional porque, diz o professor, quando chegarmos ao fundamental do mundo, será algo indefinivel; racional e irracional, bom e  mau ao mesmo tempo.

 

Temas

Ficha Técnica

  • Título: Conversas Vadias
  • Tipologia: Série
  • Produção: RTP
  • Ano: 1990