Criação da Companhia Holandesa das Índias Orientais

A “Companhia das Índias Orientais”, mais corretamente “Companhia Unida das Índias Orientais”, resultou de uma junção, numa única entidade nacional, de várias pequenas companhias de comércio que tinham surgido nos anos anteriores, nos Países Baixos.

Estas pequenas companhias era meras associações de mercadores, de várias cidades holandeses, que financiaram as primeiras viagens marítimas à Ásia, entre 1595 e 1602. Nesta data, e por influência direta do estadista holandês Johan van Oldenbarnevelt, foi formada uma única companhia unida, que ficou conhecida pela sigla VOC, que passou a ter o exclusivo de todo o comércio com a Ásia e que agregava os interesses de todos os mercadores das várias cidades do país.

 

  • Como funcionava?

Ao contrário dos portugueses e dos espanhóis, que partiam para a Ásia ao serviço do Rei de Portugal e dos monarcas de Castela, os soldados, oficiais, feitores e marinheiros holandeses no Oriente estavam ao serviço da Companhia. A VOC era uma “companhia concessionada”, ou seja, o governo holandês cedia-lhe direitos e prerrogativas do próprio Estado, durante um determinado prazo. A Companhia tinha o poder de preparar armadas e exércitos, construir fortalezas, fazer alianças e tratados comerciais com potências asiáticas e fazer a guerra, se necessário.

O Governador-Geral era nomeado e respondia perante um conselho de Diretores em Amsterdão, os chamados “17 Senhores”, que por sua vez representavam os interesses dos mercadores holandeses que investiam os seus capitais na Companhia e que esperavam, portanto, obter os lucros devidos.

 

  • E teve sucesso?

A VOC tornou-se rapidamente num empreendimento de sucesso, precisamente porque o seu futuro dependia da sua capacidade de se adaptar, de procurar as estratégias mais adequadas e de corrigir rapidamente os erros cometidos. De início, a sua ação limitou-se ao transporte de especiarias para a Europa, mas rapidamente os estrategas da Companhia holandesa compreenderam que era muito mais lucrativo atacar as armadas portuguesas e tomar posições, feitorias e fortalezas que os portugueses dispunham no Índico.

A Companhia transformou-se rapidamente numa máquina de guerra que competia com os portugueses nos principais mercados asiáticos e que fazia guerra sem quartel às armadas, fortalezas e circuitos comerciais controlados pelos portugueses, assumindo como pretexto o facto de estes serem súbditos do rei de Espanha, com quem estavam em guerra na Europa.

Ao longo da primeira metade do século XVII, o estado da índia português foi sujeito a ataques permanentes, de Moçambique a Macau, e a VOC conseguiu efetivamente substituir-se aos portugueses como a principal potência europeia no Índico. Esta “Idade de Ouro” estendeu-se ao longo do século XVIII, quando finalmente o poder da Companhia declinou e cedeu a primazia a uma outra potência emergente, o Império Britânico.

Ouça aqui outros episódios do programa Dias da História

Temas

Ficha Técnica

  • Título: Os Dias da História - Criação da Companhia Holandesa das Índias Orientais
  • Tipologia: Programa
  • Autoria: Paulo Sousa Pinto
  • Produção: Antena 2
  • Ano: 2017
  • Armas da Companhia Holandesa das ìndias Orientais (VOC: Jeronimus Becx