Embaixada de D. João V chega a Pequim
A continuação da missionação na China e o futuro de Macau eram as principais preocupações da embaixada que chegou a Pequim em maio de 1727. Apesar da pompa, apenas parte da missão foi bem sucedida.
No dia 18 de maio de 1727, Alexandre Metelo de Sousa e Meneses, embaixador de D. João V, entrou oficialmente em Pequim à frente de uma comitiva. Aguardava-o uma receção preparada pelo imperador Yongzheng, formada por uma guarda de honra de 200 soldados.
A entrada da embaixada na capital decorreu com a maior pompa e circunstância: desfilaram centenas de pessoas, entre criados de libré, que transportavam as 30 arcas com os presentes do rei de Portugal, guardas reais, trombeteiros, missionários e delegados do Senado de Macau, tudo no meio do maior fausto e exuberância.
O embaixador ordenou aos membros da sua comitiva que atirassem moedas de prata à multidão, como forma de exibição de generosidade. Chegava ao fim o périplo da embaixada, que tinha partido de Portugal dois anos antes e passado pelo Rio de Janeiro.
A chegada a Macau ocorreu a 10 de junho do ano anterior e os preparativos e formalidades burocráticas demoraram, portanto, vários meses.
- Quais eram os objetivos da embaixada?
Oficialmente, a embaixada de Alexandre Metelo de Sousa e Meneses destinava-se a felicitar o novo imperador pela sua subida ao trono, após a morte do pai, o imperador Kangxi, e a reforçar a amizade entre os dois reinos.
Contudo, a verdadeira missão do embaixador era a de tentar influenciar Yongzheng no sentido de reabrir a China à missionação católica.
A situação das missões na China era cada vez mais difícil, após uma série de eventos e de conflitos diplomáticos com a Santa Sé que levaram o imperador a restringir o cristianismo na China e a ordenar a expulsão da maior parte dos missionários, sobretudo dos jesuítas.
Havia receios de que a perseguição se estendesse a Macau. D. João V aproveitou, portanto, a subida ao trono do novo imperador para enviar uma embaixada, devidamente rodeada do fausto e dignidade, para salvaguardar os interesses de Macau e dos missionários que trabalhavam ao serviço do Padroado Português do Oriente.
- A embaixada teve sucesso?
A missão de Alexandre Metelo de Sousa e Meneses não era fácil. Além de se confrontar com todo um conjunto de regras de etiqueta da corte de Pequim destinadas aos embaixadores que considerava como impróprias da sua dignidade e da dignidade de um monarca como D. João V, o embaixador estava consciente da delicadeza do assunto principal que o tinha levado à China.
O imperador deu a conhecer à comitiva portuguesa a sua indisponibilidade para abordar a questão da missionação e os conselheiros e jesuítas preveniram o embaixador de que era inconveniente fazê-lo.
Alexandre Meneses encontrou-se com o imperador por quatro vezes, entre maio e julho de 1727, mas Yongzheng nunca permitiu que o assunto fosse, sequer, aflorado, apesar de ter sido especialmente cordial e indulgente para com a comitiva portuguesa, tanto na troca de presentes como no trato direto com Alexandre Meneses.
A embaixada teve, portanto, um sucesso limitado, porque confirmou o prestígio de D. João V e salvaguardou os interesses de Macau, mas fracassou no seu objetivo principal.
Ficha Técnica
- Título: Os Dias da História – chegada da embaixada de D. João V a Pequim
- Tipologia: Programa
- Autoria: Paulo Sousa Pinto
- Produção: Antena 2
- Ano: 2017
- Imagem: Mapa de 1550 do Oriente