Álvaro de Campos: “A Praça da Figueira de Manhã”

A 13 de junho teremos sempre o aniversário do senhor Pessoa para celebrar. Com os seus amigos mais íntimos, companheiros inventados que juntaram milhares de palavras às que escrevia em nome próprio. Cada poema de Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis é mais um fragmento do eu genial que foi Fernando Pessoa. Nos 120 anos do nascimento do maior poeta do século XX português fez-se este encontro com a sua poesia simples, complexa, singular. Escolheram-se vozes diferentes para as Pessoas de Pessoa. Aqui, Francisco José Viegas diz "A Praça da Figueira de Manhã".

A PRAÇA DA FIGUEIRA DE MANHÃ

A Praça da Figueira de manhã,
Quando o dia é de sol (como acontece
Sempre em Lisboa), nunca em mim esquece,
Embora seja uma memória vã.

Há tanta coisa mais interessante
Que aquele lugar lógico e plebeu,
Mas amo aquilo, mesmo aqui… Sei eu
Porque o amo? Não importa nada. Adiante…

Isto de sensações só vale a pena
Se a gente se não põe a olhar p’ra elas.
Nenhuma d’elas em mim é serena…

De resto, nada em mim é certo e está
De acordo comigo próprio. As horas belas
São as dos outros, ou as que não há.

Poesia dos Outros Eus. Álvaro de Campos.

 

“Quando Vier a Primavera”, de Alberto Caeiro
Veja Também

“Quando Vier a Primavera”, de Alberto Caeiro

“Mensagem”, a profecia de Fernando Pessoa
Veja Também

“Mensagem”, a profecia de Fernando Pessoa

“Um Dia Não Muito Longe Não Muito Perto”, de Ruy Belo
Veja Também

“Um Dia Não Muito Longe Não Muito Perto”, de Ruy Belo

Temas

Ficha Técnica

  • Título: Pessoa, Pessoas
  • Tipologia: Programa de Poesia
  • Autoria: Inês Pedrosa
  • Produção: Casa Fernando Pessoa
  • Ano: 2008