Uma reflexão de Hannah Arendt sobre política e políticos
Sobreviveu ao nazismo, escreveu sobre o totalitarismo e tornou-se uma das intelectuais mais famosas do século XX. Hannah Arendt inventou o conceito de «banalidade do mal», mas é injusto resumir a sua obra a uma expressão que se vulgarizou. A filósofa judia, aluna de Heidegger, interrogou-se sobre política e outras questões fundamentais da atividade humana e dos direitos humanos. Do seu livro de ensaios "Homens em Tempos Sombrios" faz parte a frase analisada nesta peça: «as questões políticas são demasiado sérias para serem deixadas ao cuidado dos políticos».
No pensamento político de Hannah Arendt reflete-se a história da jovem mulher judia obrigada a fugir da Alemanha de Hitler para sobreviver ao terror do nazismo. Tinha 27 anos, estudara filosofia «com os professores fundamentais da Academia», mas a experiência destes tempos sombrios terá certamente contribuído para a lucidez das suas ideias e conceitos. Estivera na prisão, em 1933 passou a ser uma refugiada, sem terra e sem pátria, impedida pelo seu país de exercer os direitos fundamentais como qualquer outro cidadão.
A necessidade de compreender o que se passava, levou-a a interrogar-se sobre a tragédia dos totalitarismos e a identificar os males que conduzem a estes regimes. Percebeu como a máquina silenciava os homens, os tornava passivos, sem vontade ou capacidade de agir, como os exterminava. E percebeu a importância de estarmos atentos, de participar na comunidade, para impedir que radicalismos e extremismos pudessem de novo ameaçar a democracia. Numa das suas obras fundamentais, “A Condição Humana”, Hannah Arendt propõe-nos o exercício da reflexão e do pensamento, já no livro de ensaios que destacamos nesta reportagem, a filósofa alemã desafia-nos a ver a política como uma questão fundamental da nossa existência.
Temas
Ficha Técnica
- Título: Nada Será Como Dante - Hannah Arendt
- Tipologia: Extrato de Programa Cultural - Reportagem
- Produção: até ao Fim do Mundo
- Ano: 2021