A manifestação do Dia da Mulher de 1962
A 8 de Março de 1962, várias centenas de pessoas concentraram-se na Praça da Liberdade, no Porto, para comemorar o Dia da Mulher, protestar contra a guerra em Angola, exigir a amnistia dos presos políticos e lutar pela emancipação da mulher.
A manifestação, marcada para o fim da tarde do Dia da Mulher – 8 de Março – foi convocada de forma clandestina, usando pequenos folhetos entregues na rua, em caixas de correio ou deixados em locais públicos.
No dia e hora da manifestação, encontravam-se na Praça da Liberdade dezenas de polícias fardados e também um agente da PIDE, a polícia secreta, que fotografou e vigiou os participantes, deixando um relatório onde detalhou, passo-a-passo, o que aconteceu. Relata como pelas 18 horas se juntaram os primeiros grupos – jovens com ar de estudantes – e como rapidamente a manifestação cresceu para cerca de 500 pessoas.
Quando já estava reunida esta pequena multidão, a PSP fez avançar vários agentes e viaturas com equipamento anti-motim. Um dos relatórios da PIDE desse dia assegura que a polícia não interveio com “a dureza que era aconselhável” e que a prova disso é o facto de “apenas três indivíduos terem recebido tratamentos no hospital por ferimentos ligeiros”. Foram presos um total de 17 pessoas, sendo que sete eram mulheres.
Maria José Ribeiro, que é entrevistada neste reportagem, foi uma das jovens presas nesse dia. O pai, com quem estava, também foi para a prisão.
Temas
Ficha Técnica
- Título: Dia da Mulher em ditadura
- Tipologia: Reportagem
- Autoria: Ana Luisa Rodrigues
- Produção: RTP
- Ano: 2020