Camões, o príncipe dos Poetas
A obra que deu grandeza ao poeta foi, desde a primeira edição, um fenómeno nacional. Poema de leitura exigente, passou pela censura, atravessou séculos e geografias, tornou-se objeto de culto do último rei de Portugal. Ainda hoje, “Os Lusíadas” impressionam. A professora Isabel Almeida explica porquê.
Ainda houve tempo para Luís de Camões ver a primeira edição do poema que começara a escrever além-mar, nos anos de exílio a Oriente. Tinha consciência da obra produzida, da forma e do conteúdo da narrativa que dava ao pequeno reino o lugar merecido na História.
Por várias vezes o texto passou pelo censor da Inquisição, mas, salienta Isabel Almeida, professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, não se sabe se o original sofreu alterações. Certo é que “Os Lusíadas” tiveram um enorme e súbito sucesso à data da publicação, em 1572. Nem as referências eruditas, as palavras complexas, os versos decassílabos dissuadiram leitores e leituras. A obra que definia os portugueses, uma espécie de monumento nacional, rapidamente passou a fazer parte da cultura universal. O poema de Luís de Camões começava a fazer a sua viagem pelo mundo.
As edições e as traduções multiplicaram-se, muitas faziam-se acompanhar de anotações para ajudar a compreender passagens menos claras. Alguns destes livros, exemplares de grande raridade dos séculos XVI e XVII, estão guardados a sete chaves no Paço Ducal de Vila Viçosa. Resultam da paixão e da vontade do último rei de Portugal. A partir do exílio em Inglaterra, D. Manuel II, que desde criança mantinha um fascínio pelo poeta, construiu uma impressionante coleção à volta de Camões. Lá está a primeira edição impressa de “Os Lusíadas”, a obra maior de um poeta de biografia incompleta: não sabemos onde nasceu, nem tampouco se lhe conhece a letra.
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Ficha Técnica
- Título: Visita Guiada - Camões, o Príncipe dos Poetas
- Tipologia: Programa de Cultura Geral
- Autoria: Paula Moura Pinheiro
- Produção: RTP
- Ano: 2024