Como Filipe II de Espanha chegou ao trono português
Depois da calamitosa batalha de Alcácer-Quibir, a monarquia portuguesa viu-se confrontada com um dos momentos mais desafiantes da sua história. D. Sebastião não deixara herdeiros e a solução do cardeal D. Henrique no papel de rei era apenas provisória. Houve uma corrida ao trono, mas apenas três candidatos se destacaram. Após intensas negociações e alguma ameaça militar, Filipe II, o monarca espanhol, seria declarado rei, como nos conta a historiadora Mafalda Soares da Cunha. O primeiro rei de uma dinastia que duraria sessenta anos.
Filipe II tinha sangue português e esta foi a razão invocada para disputar o trono que Castela há muito ambicionava conquistar. Os outros candidatos também descendiam de D. Manuel I, mas contra D. Catarina, duquesa de Bragança, pesava o facto de ser mulher; já sobre D. António, Prior do Crato, pendia a desvantagem de ser filho bastardo. Faltava perceber se as pretensões sucessórias apresentadas por todos tinham legitimidade jurídica.
Durante o longo e complexo processo, o monarca espanhol exerceu pressão diplomática e militar. Enquanto os seus embaixadores procuravam convencer e aliciar altos dirigentes da nobreza e do clero, mandou um exército de 20 mil homens entrar na fronteira de Elvas, ao mesmo tempo que uma esquadra espanhola avançava pela costa portuguesa. As elites demoravam a aceitá-lo e ele sentia-se ameaçado pela popularidade do Prior do Crato que, entretanto, se fizera aclamar rei. A batalha de Alcântara, às portas de Lisboa, terá sido o momento decisivo para a causa de Filipe II que, meses depois e já sem resistência, seria oficialmente Filipe I de Portugal.
Ficha Técnica
- Título: Visita Guiada - 1580-1640: A Dinastia Filipina em Portugal
- Tipologia: Programa de Cultura Geral
- Autoria: Paula Moura Pinheiro
- Produção: RTP
- Ano: 2024
