A mensagem de Adolfo Casais Monteiro no poema “Europa”

Não encontramos harmonia neste poema escrito nos últimos anos da Segunda Guerra Mundial. O momento é trágico e as palavras do poeta violentas, secas, lúcidas. Consciência a arranhar a poesia, a imprimir-lhe outra métrica, outro vigor. Contra a tirania, contra a repressão, Adolfo Casais Monteiro faz versos para um mundo novo, de paz e liberdade. Ele, que era um resistente ao fascismo, que fora preso e impedido de lecionar, obrigado ao exílio, abria horizontes ao sonho futuro. "Europa" foi lido aos microfones da BBB em 1945, mas os portugueses não escutaram o grito do poeta. A emissão estava fechada pela censura.

O poema é uma lição de Liberdade de Adolfo Casais Monteiro. O valor mais importante, aquele que os tiranos negam primeiro, o poeta escreve repetidamente em letra maiúscula nos versos de “Europa”. Poesia violenta contra a violência de uma guerra mundial, palavras a projetarem a visão do humanista e do europeísta convicto em defesa da democracia e de “um lar comum” para as nações devastadas.

A mensagem passou aos microfones da BBC.  Quarenta anos depois, o ator Mário Viegas recuperava o grito inspirador do poeta perseguido e desalinhado: «Europa, sonho futuro! /Europa, manhã por vir, /fronteiras sem cães de guarda, /nações com o seu riso franco/abertas de par em par». Ricardo Cabaça, dramaturgo, faz a sua interpretação do longo poema dividido em cinco partes e da frase destacada nesta peça: «só um homem livre é digno de ser homem».

“Servidões”, de Herberto Helder
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Ficha Técnica

  • Título: Nada Será Como Dante - Europa, de Adolfo Casais Monteiro
  • Tipologia: Extrato de Programa Cultural
  • Produção: até ao Fim do Mundo
  • Ano: 2021