A partida da armada de Pedro Álvares Cabral
A armada de Pedro Álvares Cabral foi a segunda frota enviada pelo rei D. Manuel à Índia, e foi preparada logo após o regresso de Vasco da Gama. Desta vez, tratava-se de uma poderosa força naval, constituída por 13 navios e mais de um milhar de homens, com a missão de confirmar as informações, os contactos e os acordos com o rei de Calecute, feitos na viagem anterior.
A dimensão da armada destinava-se, naturalmente, a exibir uma clara posição de força, embora ainda se pensasse que a Índia era povoada por cristãos e que o próprio rei de Calecute era também cristão. As ordens do rei estipulavam detalhadamente os procedimentos que Pedro Álvares Cabral deveria seguir e as cautelas que deveria ter, de forma a evitar os contratempos que Vasco da Gama tinha enfrentado.
A armada partiu de Lisboa a 9 de março e passou as Canárias e Cabo Verde no espaço de poucos dias. Ao afastar-se da costa africana e depois de passar o equador, a armada deparou com sinais de terra, que se confirmaram a 22 de abril, quando atingiu a costa brasileira.
- Foi um acaso, esta chegada ao Brasil?
No caso desta armada, temos todas as razões para crer que sim. Há suspeitas de que esta terra já tinha sido avistada ou tocada por navios portugueses, em anos anteriores, mas nada de seguro se sabe. O caso mais conhecido é o de Duarte Pacheco Pereira, que menciona no seu trabalho ter chegado ao Brasil em 1498.
Há também o célebre caso da linha do Tratado de Tordesilhas, que o rei D. João II exigiu que fosse traçada mais para oeste do que tinha sido inicialmente proposto pelos castelhanos, e que indicia o conhecimento ou a suspeita da existência de terra naquelas paragens. Mas em qualquer dos casos, trata-se apenas de suposições pouco sólidas.
Só na viagem de Cabral é que a existência do Brasil foi devidamente assinalada e registada, e de tal maneira constituiu uma surpresa que o capitão mandou um dos navios de regresso a Lisboa, para informar o rei do achado da nova terra.
- Como correu o resto da viagem?
O resto da armada retomou o curso da viagem, após esta pausa de cerca de duas semanas. Atravessou o Atlântico rumo ao Cabo da Boa Esperança, mas uma tempestade fez naufragar vários navios, entre eles a caravela comandada por Bartolomeu Dias, precisamente o primeiro europeu a passar o Cabo, doze anos antes.
A armada que chegou finalmente a Calecut estava, portanto, substancialmente enfraquecida. Na Índia, Pedro Álvares Cabral tomou conhecimento de uma realidade amarga: a terra não eram povoada por cristãos, como Vasco da Gama tinha sido induzido, mas sim por gentios, e o comércio marítimo era dominado por muçulmanos, naturalmente hostis aos portugueses.
Estava, portanto, aberto o caminho para as hostilidades e para o confronto militar, que ocorreram por diversas vezes antes do regresso da armada a Portugal e que veio a marcar o quotidiano da presença portuguesa na Índia nos anos seguintes.
Ficha Técnica
- Título: Os Dias da História - A partida da frota de Pedro Álvares Cabral
- Tipologia: Programa
- Autoria: Paulo Sousa Pinto
- Produção: Antena 2
- Ano: 2017
- Imagem: Nau de Pedro Álvares Cabral, com indígenas a bordo. Oscar Pereira da Silva.