“Aparição”, de Vergílio Ferreira
Com "Aparição" Vergílio Ferreira pretendeu tornar o homem visível a si mesmo. Para o autor, o que se vê melhor é aquilo que não se vê, porque « o que está mais perto dos olhos, são os olhos e aos olhos ninguém os vê».
A “Aparição”, o romance de Vergílio Ferreira, publicado em 1959, começa com um prenúncio de tragédia: Alberto Soares, o personagem do romance, chega a Évora como novo professor do liceu. Um homem de luto, sombrio e descrente ainda a refazer-se da morte do pai, acaba de entrar numa cidade católica, branca e luminosa, deixando adivinhar que a sua relação com a cidade não será fácil.
Pelo caminho, vai retratar a sociedade fechada e com várias classes sociais de uma pequena cidade provinciana em plena ditadura fascista. Mas, fundamentalmente, vai colocar em causa a relação do homem consigo mesmo.
O espectro desumano da II.ª Guerra Mundial ainda estava presente em 1959, Einstein destronara algumas certezas sobre o cosmos e Nietzsche, no início do século XX, anunciara a morte de Deus.
O homem estava completamente só, sem céu, nem inferno, nem eternidade após a morte, mas em busca de sentido para a vida assim mesmo.
Vergílio Ferreira torna-se intérprete dessa interrogação existencial, subjetiva sobre a realidade a transporta-a para a “Aparição”.
O autor nasceu na aldeia de Melo, junto à Serra da Estrela em 1916. Os pais emigraram para os Estados Unidos quando tinha apenas quatro anos. A sua educação foi dividida entre umas tias maternas e o seminário do Fundão que abandonou aos 16 anos. Formou-se em Coimbra em filologia clássica.
O personagem da “Aparição”, Alberto Soares, é um alter-ego de Vergílio Ferreira, que aparentemente escreveu um romance autobiográfico e onde faz uma “radiografia” da relação do Homem com a sociedade, com Deus e consigo mesmo.
Temas
Ficha Técnica
- Título: Grandes Livros - Aparição
- Tipologia: Documentário
- Produção: Companhia de Ideias
- Ano: 2009