Bordalo II: do lixo se faz arte
Declarou guerra ao lixo com criatividade. O que uns deitam fora, Artur Bordalo recolhe e usa para dar corpo a peças quase sempre gigantescas, quase sempre a representarem animais. Mas os bichos, todos eles fantásticos, não foram feitos apenas para agradar ao público. A arte urbana deste artista ativista transporta uma mensagem ambiental.
Grandes animais nascem de bocados de plástico encaixados a outros materiais inusitados. Como puzzles gigantes de chapas amolgadas, pneus vazios, ferros torcidos, bonecos sem cabeça ou triciclos estragados. E um emaranhado de fios a ligá-los. Bordalo II reconhece o potencial dos restos que encontra por todo o lado. É no lixo dos outros que começa a mensagem do seu trabalho. Depois de reutilizado, moldado, transformado, o desperdício passa a ser outra coisa: uma forma de arte com preocupações ambientais.
Artur Bordalo reaproveitou cerca de 62 toneladas de lixo em mais de duas centenas de peças da série Big Trash Animals. Mas a reciclagem é apenas uma parte da solução para o problema da sustentabilidade, diz. Para o artista o desafio é muito maior, a exigir mudanças nos hábitos de consumo. E ilustra o que pensa com a lei de Lavoisier.
Na natureza nada se cria,
nada se perde,
tudo se transforma.
Como matar um planeta
