Campos de concentração soviéticos: o Gulag de Aleksandr Soljenítsin
Escrito entre 1958 e 1967, este livro transformou-se numa poderosa arma de denúncia contra o regime soviético. A experiência do autor e os testemunhos de outros prisioneiros por ele recolhidos, revelaram a terrível verdade sobre os campos de detenção e de trabalhos forçados da URSS. "O Arquipélago Gulag" é uma história de horror com milhões de vítimas.
O que aqui se conta não pertence à ficção, «tudo se passou exatamente assim», sublinha Aleksander Soljenítsin, que para salvar este livro da polícia secreta, o escreveu na clandestinidade, por ele foi acusado de traição à pátria e enviado para o exílio. Neste «ensaio de investigação literária», como lhe chama, denuncia as monstruosidades praticadas pelo regime comunista da antiga União Soviética. Às memórias dele juntou mais de 200 testemunhos de outros prisioneiros dos campos de trabalhos forçados, onde se morria por exaustão ou à fome.
Detido e condenado em 1945 por uma crítica a Estaline, o jovem capitão do exército vermelho que era então Soljenítsin, condecorado pelos serviços prestados durante a II Guerra Mundial, conhece durante onze anos a brutalidade do cárcere russo; dos campos de trabalho e «reeducação ideológica» aos institutos científicos e prisões políticas. Tinha entrado no mundo secreto do Gulag, sigla para Administração Central dos Campos, formado por mais de 400 «ilhas», campos que não eram de extermínio como os dos nazis, mas onde era difícil continuar humano e sobreviver.
Os «traidores da pátria» e criminosos comuns eram deportados para os lugares mais inóspitos, desertos de gelo, tundra e estepe, onde se trabalhava mais de 16 horas por dia, com temperaturas de 50 graus abaixo de zero e uma ração diária de 400 gramas de pão. O modelo que Vladimir Lenine começara, crescera com Joseph Estaline de forma irracional; as purgas e as perseguições não tinham limite.
Tudo o que se passou entre 1918 e 1956 na União Soviética e o resto do mundo não sabia, ficou contado neste livro publicado em Paris, em 1973. Se para uns as memórias de Soljenítsin não passavam de falsidades, outros – chocados com a terrível denúncia -, deixaram de acreditar na pureza do marxismo-leninismo e o regime comunista passou a ser olhado de outra forma. Acusado de traição e enviado para o exílio, o autor – na altura já galardoado com o Nobel da Literatura -, só regressaria à mãe-Rússia, em 1994, três anos depois do fim da URSS.
Ficha Técnica
- Título: Literatura Aqui - Arquipélago Gulag
- Tipologia: Extrato de Programa
- Produção: até ao Fim do Mundo
- Ano: 2017