A paixão pelo desenho de Emmérico Nunes

Misturou desenho com humor e ficou famoso. As suas ilustrações são mordazes e cómicas e encheram publicações nacionais e internacionais. Emmérico Nunes (1888-1968) foi um dos pioneiros da banda desenhada em Portugal. Como terá tudo começado?

Lápis… papel… e uma evidente e precoce vocação para o desenho. Emmérico tem 10 anos quando cria um semanário humorístico que intitula “A Risota”. Cresce a apreciar os trabalhos de Rafael Bordalo Pinheiro e de Leal da Câmara. Porém, o pai insiste em arranjar-lhe outro futuro e Emmérico frequenta o curso comercial sem entusiasmo, em vez de contas faz “bonecos”. O pai  inscreve-o então na Escola de Belas-Artes de Lisboa. A seguir continua os estudos em  Paris, a conselho do mestre  José Malhoa que lhe vê qualidade  nos trabalhos. Na capital das luzes por onde passa toda uma geração de artistas portugueses, fica cinco anos. Estuda, aprende com os melhores, copia os mestres, pinta paisagens, faz caricatura.

Por esta altura começa a colaborar em publicações mas entende que precisa de saber mais e prossegue os estudos e a vida num outro país que sente como uma segunda pátria: a Alemanha. É que Emmérico tem sangue alemão por parte da mãe e a realidade germânica embora muito diferente da portuguesa, não lhe é por isso estranha. Estuda na  Kunstakademie em Munique, consegue um contrato de exclusividade com a revista Meggendorfer Blatter e dedica-se por inteiro à ilustração humorística.

Oito anos depois quando regressa a Portugal, já é um caricaturista famoso na Europa. Por cá desenha para o “Diário de Lisboa, “ABC a Rir”, “Domingo Ilustrado”, “Magazine Bertrand “entre muitos outros e, colabora em publicações infantis.

A qualidade gráfica dos desenhos que executa  é distinguida com o 1.º Prémio em Caricatura da Sociedade Nacional de Belas Artes. O estilo é inconfundível: traço forte e fluido a captar os tiques da época com efeito cómico e sarcástico.

Emmérico deixa também marcas na pintura de paisagens e retratos suportados numa paleta de tons fortes… faceta que desenvolve mais nos últimos anos de vida. O quadro “Brookli” é adquirido pela Fundação Calouste Gulbenkian. Mas o pintor, não consegue alcançar a mesma visibilidade e notoriedade do ilustrador humorístico.

 

 

Temas

Ficha Técnica

  • Título: Grandes Quadros Portugueses
  • Tipologia: Extrato de Programa
  • Produção: Companhia de Ideias
  • Ano: 2012