Eutanásia, o direito à “boa morte”
Joana Silva tem a doença de Huntington. Um mal degenerativo e incurável que já lhe matou o pai, em agonia extrema, e levou uma amiga ao suicídio. Joana espera ter um fim de vida digno no país onde nasceu. Enquanto aguarda a chegada inevitável do sofrimento, luta pela liberdade de poder pedir ajuda para morrer.
A doença do Joana é degenerativa e rara. Afeta o sistema nervoso central que vai destruindo a capacidade cognitiva, o equilíbrio emocional e a motricidade. Os primeiros sintomas surgem geralmente entre os 30 e os 50 anos. Sem cura, a morte é certa e Joana já a viu dentro de casa. Por isso tem a decisão tomada: quando for da sua vontade, quer ter o direito a pedir ajuda para morrer sem piedade e com dignidade.
Podemos compreender melhor o que quer dizer eutanásia pela origem da palavra. Vem do grego e compõe-se por “eu” (bom, verdadeiro) e “thanatos”, (morte). Seria, então, algo como a boa morte, a que não implica sofrimento. Hoje, a palavra assume outros contornos, ainda que com base no fim do sofrimento, mas que implica ajudar alguém a por fim à vida. Uma discussão que em todo o mundo tem levantado aos mais profundos debates, uma vez que toca áreas como a religião, a ética, a medicina e as leis entre muitas outras.
É essa discussão que tem travado na maioria dos países a legalização da morte assistida. Uma decisão que tem sempre por pressupostos básicos o facto de o doente se encontrar numa situação clínica incurável e de profundo sofrimento, mas consciente para decidir por si próprio. A prática é, por norma, feita com apoio médico e em vários países avaliada por uma comissão multidisciplinar.
Já após a realização desta reportagem, a lei que despenaliza a morte medicamente assistida foi aprovada em Portugal, em 2023, após várias tentativas que geraram dúvidas do ponto de vista constitucional.
Temas
Ficha Técnica
- Tipologia: Reportagem
- Autoria: Diana Palma Duarte
- Produção: RTP
- Ano: 2017