Execução de Joana d’Arc

Joana de Arc é uma das personagens femininas mais célebres de toda a História da Europa, heroína da França e uma santa da Igreja Católica. O processo que acabou por conduzir à sua execução, na fogueira, é um caso exemplar da forma como os interesses políticos dominavam totalmente os procedimentos da justiça e utilizavam a religião e os instrumentos da Igreja ao seu serviço.

No caso da jovem Joana de Arc, foi a sua personalidade mística, as suas visões e a convicção de que os seus atos eram guiados por Deus que levou a que fosse acusada de heresia. Na verdade, todo o processo foi manipulado pelos seus inimigos, que conseguiram que fosse julgada e condenada à morte. Joana tinha sido capturada um ano antes e entregue aos ingleses, que controlaram todo o processo de acusação e de julgamento.

A 30 de maio de 1431, Joana subiu ao patíbulo na praça principal de Ruão, foi atada a um poste e queimada na fogueira, perante uma multidão. O seu cadáver foi depois novamente incinerado e as suas cinzas foram espalhadas no Sena, para que não restassem vestígios que pudesses ser usados como relíquias.

 

  • Porque é que era uma adversária tão temida pelos ingleses?

A França foi palco de uma longa guerra que atravessou os séculos XIV e XV e que ficou conhecida como a Guerra dos 100 anos. Em causa estava o conflito entre várias casas reais e as pretensões dos reis de Inglaterra à coroa de França.

Em 1422, este longo conflito reavivou-se com uma nova crise dinástica; o território da atual França estava, na prática, dividida em duas metades: ao domínio inglês no norte opunha-se a resistência de Carlos VII, chamado o Delfim, que controlava parte dos territórios do sul. Foi por esta altura que surgiu uma jovem camponesa, chamada Joana, que ganhou notoriedade no campo de batalha.

Afirmando-se iluminada e guiada por Deus, galvanizou a resistência aos ingleses e liderou um exército popular que obteve uma importante vitória em Orleães, em 1429. O seu sucesso e fama transformaram-na rapidamente num símbolo popular, tendo contribuído decisivamente para a coroação do Delfim como rei de França, em julho desse ano.

Naturalmente, os ingleses consideravam-na um inimigo temível e a abater rapidamente, o que conseguiram após a sua captura no campo de batalha, a 23 de maio de 1430.

 

  • O que aconteceu após a sua morte?

A revisão do processo de Joana d’Arc só teve lugar após o fim da guerra dos 100 anos, que ocorreu em 1453. Nesta data, os franceses obtiveram uma vitória decisiva contra os ingleses na batalha de Castillon e tomaram a cidade de Bordéus, que era o último reduto inglês em solo da França. Apenas restava Calais, que veio a ser tomada pela França já no século XVI.

Em 1456, 25 anos após a execução de Joana, o papa Calisto III reviu o processo e considerou-o inválido. A história da sua vida tinha já passado para a tradição popular e Joana transformou-se gradualmente numa heroína nacional da França. A mitificação da sua figura alargou-se ao longo dos séculos seguintes e no século XX, a própria Igreja Católica integrou-a no seu panteão oficial, primeiro pela sua beatificação e finalmente pela sua canonização, em 1920.

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Ficha Técnica

  • Título: Os Dias da História - Execução de Joana d’Arc
  • Tipologia: Programa
  • Autoria: Paulo Sousa Pinto
  • Produção: Antena 2
  • Ano: 2017
  • Joana d'arc: Jeanne d'Arc faite prisonnière à Compiègne/ Jules Eugène Lenepveu