“Frankenstein”: o monstro lendário de Mary Shelley

Frankenstein é um ser solitário, incompreendido, desprezado, que reclama uma alma, atenção, amor, tudo o que lhe foi negado pelo seu outro criador, o cientista que o trouxe do mundo dos mortos.

Victor Frankenstein juntou e coseu pedaços de corpos, fabricou a sua coisa, numa complexa e extraordinária experiência científica. Em segredo, animou-o e, em segredo, abandonou-o. Sem remorsos, descreve-o como “horrivelmente feio, pele engelhada e lábios pretos”. Um monstro, portanto. Que vai causar desconforto, chocar os primeiros leitores do romance publicado no início do século XIX. Depois, este “Frankenstein” de Mary Shelley alcançou tal popularidade que se transformou numa figura lendária da ficção científica. E da literatura universal. 

Estátua de Frankenstein em Genebra

O enredo, com matéria do sobrenatural, levanta questões reais e atuais sobre os limites da ciência, os direitos humanos, a discriminação. Mary Shelley tinha apenas 19 anos quando escreveu esta primeira obra, porém, sublinha a jornalista Alexandra Lucas Coelho, já partilhava com o seu monstro uma história de sofrimento e perda. Talvez também por isso, pelos dados autobiográficos que usou para construir a novela, a sua criação seja tão humana, trágica, verdadeira. 

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