Frei Luís de Sousa, outra encenação para Garrett
Tem contornos de tragédia antiga a peça que Almeida Garrett escreveu em 1843, em pouco mais de duas semanas. A pena do escritor corria contra o tempo na criação do seu ambicionado repertório dramático, um que fosse digno do primeiro teatro nacional, aquele que havia de ser o D. Maria II. Como texto clássico que é, Frei Luís de Sousa materializou-se nos palcos em sucessivas e renovadas representações. Que encenação escolheu fazer Miguel Loureiro de uma das obras essenciais do romantismo português?
O destino pressente-se em Frei Luís de Sousa como um drama, lentamente anunciado em cada ato, a assombrar uma família inteira. Na memória dos vivos, deambula o fantasma de um homem perdido na Batalha de Alcácer-Quibir, que todos querem morto apesar da incerteza da sepultura. A viúva atormenta-se, está nas segundas núpcias e tem uma filha desta paixão começada ainda os barcos do primeiro marido não tinham partido em direção a terras de África.
Adivinha-se o desfecho da intriga que Miguel Loureiro escolheu encenar como uma fábula simples, cortando alguns “excessos emotivos” presentes no texto de Almeida Garrett (1789-1854), e procurando distanciar-se de leituras mais políticas e nacionalistas, já que a ação da peça tem como pano de fundo a resistência ao domínio dos Filipes de Espanha, altura em que D. Sebastião estava a ser transformado no rei-mito da História.
Temas
Ficha Técnica
- Título: Literatura Aqui
- Tipologia: Extrato de Programa Cultural
- Produção: até ao Fim do Mundo
- Ano: 2018