João Abel Manta: O Imaginador da Democracia

Com toda uma carreira moldada pela revolta contra o país ditatorial, João Abel Manta revelou-se uma máquina de produção de imagens. Cartoonista, ilustrador e "pintor" da Democracia, está entre as mais notáveis figuras das artes portuguesas. Na primeira pessoa e através da longa obra, o documentário narra a sua história e a do país.

Arquiteto e artista multifacetado, João Abel Manta (Lisboa, 1928) notabilizou-se ao combinar com excelência elementos da cultura popular com uma crítica social e política incisiva. Foi ao ingressar na Escola de Belas Artes que se tornou, segundo o próprio, “um guerrilheiro” contra o regime e, aos 20 anos, é preso por contestar as regras do poder. Os seus trabalhos terão sempre a marca da luta pela liberdade e vão destacá-lo como o mais relevante produtor de imagens no contexto revolucionário português do século XX.

Na casa de Santo Amaro de Oeiras, com o pai, Abel Manta - figura de destaque do modernismo português.
Uma infância privilegiada, com várias passagens por Paris, onde conheceu alguns dos mais importantes artistas do seu tempo, como Picasso.
Cedo se revelou opositor ao Estado Novo. Foi preso por integrar o MUD Juvenil.
O Morteiro, 1957. O desenho a Tinta-de-china é uma das suas especialidades, com séries expostas e premiadas em vários países.
Da série "Monumento Nacional", uma visão aguçada sobre a sociedade portuguesa nos anos 60.
"Retrato de família" - os pais, Abel Manta e Maria Clementina Carneiro de Moura, ambos pintores; o artista; a mulher e a filha, 1958.
Desenho da série dedicada ao Santo Ofício, com forte influência surrealista.
Na obra arquitetónica de João Abel Manta destacam-se vários edifícios residenciais, como é exemplo o complexo habitacional da Avenida Infante Santo, em Lisboa.
Cartoon do livro "Manta e os Seus Fantasmas", 1978.
O apurado sentido crítico que caraterizou toda a sua carreira durante o Estado Novo manteve-se após a Revolução.
A colagem, vertente que desenvolve após o 25 de Abril, ganha grande destaque na sua obra.
O retrato atraiu-o desde cedo. Na fotografia, Almada Negreiros e Fernando Pessoa.
Ilustração para o livro "Carta de Guia de Casados" de D. Francisco Manuel de Melo.
Só a partir dos anos 80, João Abel Manta redireciona o seu talento para a pintura.

Por considerar que devia usar as suas aptidões artísticas para emitir opinião, salta das galerias para os jornais e, apesar da censura do regime, torna-se o cartoonista mais relevante da sua época. ” Não sei escrever, mas faço bonecos.” De facto, mesmo depois da Revolução de Abril, continuou a sua carreira em volta do desenho e da ilustração política e social. A pintura, herança dos pais, chegaria tarde na sua vida. Uma carreira imensa que passou também pela arquitetura, azulejaria, cerâmica e tapeçaria.

“O Delfim”, de José Cardoso Pires
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Ficha Técnica

  • Título: A Torre de João Abel Manta: O Imaginador
  • Tipologia: Documentário
  • Produção: Laurent Filipe Produções
  • Ano: 2024