Guerreiras pela Natureza

Lince-ibérico: do cativeiro à natureza, em nome da espécie

O regresso do lince-ibérico à Natureza só foi possível graças ao trabalho de Joana Pechem e dos seus colegas no Centro de Reprodução no Algarve. Em sete anos, a espécie, que já não existia em território nacional, foi recuperada.

O lince-ibérico é único grande mamífero carnívoro endémico da Península Ibérica. É também o mais ameaçado em toda a Europa. Em Portugal, já no século XXI, atingiu a pré-extinção. Os linces podem chegar quase aos 30 quilos de peso e a sua longevidade na natureza estima-se em cerca de 13 anos. O seu habitat natural compõe-se por áreas abertas, mas também arbustivas, onde se encontram o medronheiro e o zimbro e árvores como sobreiro e azinheira (floresta mediterrânea). Tendem a evitar área de eucalipto e pinheiro-bravo, precisamente as que foram introduzidas nas suas áreas, com mau resultado para a espécie.

Floresta portuguesa
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Floresta portuguesa

Durante o século passado, foram vários os motivos que levaram ao quase desaparecimento dos linces-ibéricos: doenças que quase dizimaram a sua principal presa – o coelho-bravo -, caça excessiva e desaparecimento de práticas agrícolas tradicionais, bem como destruição do habitat, em particular devido à introdução de espécies florestais exóticas, aos incêndios e à construção de grandes infraestruturas. Portugal e Espanha trabalham em conjunto a recuperação do lince-ibérico. Em Portugal, os animais reproduzidos em cativeiro vivem em Silves, no Algarve, e os que já foram libertados habitam a área do Vale do Guadiana.

O Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico recebeu o primeiro animal em finais de 2009. Não havia qualquer individuo em Portugal, e em Espanha contavam-se, à época, menos de 100 animais, na zona na Andaluzia. Desde então, a espécie tem vindo a recuperar e, na serra algarvia, descobrimos todos os cuidados de que são alvo, da alimentação à criação de ninhos. Os tratadores cuidam de tudo para possibilitar o regresso à natureza. O trabalho nas épocas de acasalamento – no tempo frio – é particularmente denso. Afinal, é da reprodução que depende a quase totalidade do sucesso da conservação desta espécie.

A reintrodução de uma espécie, pressupõe restabelecer, numa determinada área geográfica, uma população que historicamente ali pertence e onde os animais foram extintos. É uma forma de conservar espécies. É o caso do lince-ibérico, ainda em estado de risco. Para que tal fosse possível, foi preciso recorrer à criação em cativeiro. Para que haja sucesso, é preciso não apenas manter sob regaras muito específicas os animais, para que depois consigam sobreviver no seu espaço natural, como cuidar também dessa área, para que não sejam retomadas as causas que levaram à extinção ou vulnerabilização da espécie.

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Ficha Técnica

  • Título: Guerreiras pela Natureza - episódio 6
  • Tipologia: Extrato de Programa
  • Produção: play solutions audiovisuais p/RTP
  • Ano: 2023