Maria Judite de Carvalho: a escritora e as personagens

Criou mulheres tristes, silenciosas, desencantadas, solitárias. Protagonistas à deriva num quotidiano repetitivo, sem ambição. Maria Judite de Carvalho misturou experiências pessoais nestas vidas ficcionadas, entrelaçou a sua voz nos monólogos profundos, escritos numa prosa serena e límpida. Retratos femininos com rostos desenhados numa folha de papel. Outra faceta da escritora recordada pela neta na reportagem.

Gostava de desenhar e pintar. As tias que a educaram, impediram-na de seguir o sonho, mas Maria Judite de Carvalho nunca deixou de rabiscar papéis, recorda a neta Inês Fraga. Talvez a dar rostos às personagens banais e irrepetíveis que construía com palavras e que ocuparam um lugar na literatura. Uma escrita de tal forma profunda, diz, só acessível através da própria biografia.  

As vozes que chegam deste universo feminino retratam um tempo onde as mulheres eram apagadas, não por vontade própria, mas por imposição da sociedade e do patriarcado. Podiam viver na sombra, mas tinham uma vida interior, conclui Sara Lutas, responsável pela reedição da obra desta escritora a quem Agustina Bessa Luís chamou “a flor discreta da literatura portuguesa”.  

Maria Judite Carvalho é “consciência em movimento”
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Ficha Técnica

  • Título: Literatura Aqui
  • Tipologia: Extrato de Magazine Cultural - Reportagem
  • Produção: até ao Fim do Mundo
  • Ano: 2018