Mário Cesariny “é o paradigma da maneira surrealista de ser e de viver”
Cesariny tornou-se surrealista porque outra coisa não podia ser. O movimento defendia o que de mais importante já trazia dentro do espírito: Liberdade, Amor, Poesia. Com letra grande. Ideais de uma vida em transgressão contínua, de insatisfação permanente com a realidade. Um homem livre, iluminado, iluminador, luminoso, nas palavras do amigo cúmplice: Perfecto E. Cuadrado. A ouvir aqui.
Nunca escreveu um verso em casa. Livre como os gatos, encontrava a poesia nas ruas, para onde partia de “olhos abertos à surpresa”, a percorrer o real quotidiano e a buscar palavras de fogo e luz, capazes de resgatar o sonho do verdadeiro ideal. Escrevia sempre nos cafés, espaços de eleição porque também era por ali que encontrava os amigos e as tertúlias aconteciam. Nos anos sessenta, Mário Cesariny foi deixando a poesia. Mais tarde explicou que a sua musa o tinha abandonado. O tempo que veio a seguir dedicou-o por inteiro à pintura.
Surrealista até ao fim, Cesariny (1923-2006) foi artista plástico reconhecido, mas sempre, em primeiro plano, o grande poeta. Mesmo na sua produção pictórica existe uma dimensão poética, uma pulsão para o poema. Tem agora o poeta-pintor quase a totalidade da sua obra editada num volume, “Poesia”, que segue a ordem de publicação dos livros originais, autorizada pelo próprio autor.
A edição que serve para reencontrar as palavras de Cesariny tem prefácio e nota de Perfecto E. Cuadrado, seu amigo e cúmplice. Especialista também em surrealismo português, não tem dúvidas em afirmar que o poeta foi um dos homens mais livres, mais luminosos, iluminados e iluminadores que conheceu. O retrato completa-se com a voz de Mário Cesariny a dizer extratos de poemas seus.
Temas
Ficha Técnica
- Título: Literatura Aqui
- Tipologia: Extrato de Programa - Reportagem
- Produção: até ao Fim do Mundo
- Ano: 2018