Memórias de um preso político na cadeia de Peniche
Lutou contra a ditadura e resistiu à tortura. Passou dias de puro horror às mãos da PIDE, sem dormir, brutalmente espancado. Nem assim conseguiram dele o nome de um único camarada. José Pedro Soares foi levado para a cadeia do Forte de Peniche, onde mais de 2600 presos políticos cumpriram pena entre 1934 e 1974. Na mesma fortaleza que hoje alberga o Museu Nacional da Resistência e Liberdade, escutamos a história de um herói.
José Pedro Soares não esquece os dias atrás das grades. Dois anos em Caxias, mais três em Peniche, na fortaleza virada para o mar que não podia ver. Era mais um jovem com a vida confinada à prisão de alta segurança, destinada aos homens mais perigosos, os que queriam derrubar o regime fascista. Apenas duas mulheres ali entraram, sujeitas ao mesmo tratamento repressivo, autoritário, ditado pelos caprichos dos guardas. Podiam humilhar, causar sofrimento psicológico e emocional, o que fosse preciso para destruir a moral ou “quebrar espíritos”.
Os presos políticos não tinham a mínima privacidade, nem durante as visitas das famílias, nem sequer quando as portas das celas sobre eles se fechavam. Espiados e revistados a qualquer hora, ameaçados com total isolamento, viviam em grande tensão, ao som dos apitos.
José Pedro revive as rotinas. Foi uma das pessoas mais torturadas pela polícia política. Guardar e partilhar estas memórias é, para ele, uma forma de continuar a lutar. Agora, contra o esquecimento. A sua história junta-se a milhares de outras histórias que a antiga cadeia está condenada a contar para sempre. Ao lado do memorial que homenageia os que cumpriram pena em Peniche entre 1934 e 1974, começa por recordar o dia em que a liberdade também passou por ali.
Ficha Técnica
- Título: Visita Guiada - Museu Nacional Resistência e Liberdade, Peniche
- Tipologia: Excerto de Programa de Cultura Geral
- Autoria: Paula Moura Pinheiro
- Produção: RTP
- Ano: 2024