Outra Escola: aprender não tem idade
Envelhecer é simplesmente viver. E, enquanto estamos vivos, somos sempre aptos a aprender. As academias sénior são um exemplo onde saber coisas novas é para todos. Não há condições prévias como habilitações académicas ou estrato social. Apenas obrigatório ser maior de 50 anos. Se é certo que os mais velhos têm a experiência de toda uma vida, os mais novos trazem conhecimentos recém adquiridos de novas realidades para trasmitir a quem está disponível para continuar a aprender.
Numa sociedade que que coloca os mais velhos num patamar de desigualdade, uma vez que privilegia a produtividade em massa e a rapidez, os mais vividos ficam reduzidos ao lugar de quem se sente morrer ainda em vida. Mas a verdade é que nunca é tarde para aprender. Tarefas que ajudam a “pintar” o tempo de forma mais construtiva ou mesmo alcançar o que o tempo em mais novos não lhes permitiu, como ler e escrever.
A Academia Sénior de Carnide, em Lisboa, é um dos muitos exemplos que se encontram pelo país onde as pessoas com mais idade têm a sua outra escola. O conceito formal de que o ensino vai do pré-escolar até à universidade não passa disso mesmo: uma formalidade. Uma das alunas, neste programa, diz que “deixar de aprender é morrer” e outro aluno conta que aprendeu muito ao longo da vida e continua a aprender sem nunca ter tirado um curso.
Os conceitos de ensino e educação desconstroem-se quando pensamos em indivíduos e não em crianças e jovens. Combater o idadismo – a discriminação pela idade – é a forma de mudar a narrativa sobre o envelhecimento. Até porque ele começa logo que nascemos. Tal como aprender nos acompanha ao longo da vida.
Nesta academia sénior encontramos pessoas mais e outras menos vividas a ensinarem as quem já têm muitas experiências e deixaram para trás o capítulo chamado “trabalho” e entraram no capítulo “reforma”. Há quem prefira progredir noutra língua ou quem tenha agora tempo para se dedicar a pintar porcelana ou fazer joalheria. E mesmo quem tenha já cumprido o sonho de aprender os números e consiga por isso, por exemplo, usar um cartão multibanco.
O que à primeira vista pode parecer uma escola de aprendizagens acessórias, é afinal apenas uma “Outra Escola”, onde se potencia, tal como com as crianças, o que os alunos mais gostam, e se aprende o que ainda não se sabe. Uma escola que é, como as outras, um espaço de socialização, onde se criam amigos e se tem quem nos dedique atenção.
Ficha Técnica
- Título: Outra Escola - episódio 10
- Tipologia: Programa
- Autoria: Filipa Reis / João Miller Guerra / Maria Gil
- Produção: Vende-se Filmes
- Ano: 2019