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Memorial do Convento – era uma vez o romance de Saramago
A ideia de realizar a travessia do Atlântico Sul foi de Sacadura Cabral que, em colaboração com Gago Coutinho, testou durante cerca de três anos sistemas e equipamentos que permitiram cumprir os objetivos da viagem.
Terá sido a visita oficial do presidente da República do Brasil a Portugal, em 1919, que deu a ideia a Sacadura Cabral para realizar a travessia aérea. No mesmo período os portugueses foram também testemunhas da primeira travessia do Atlântico Norte empreendida por militares americanos.
Para chegar a Lisboa aqueles aviadores tinham “navegado” entre os dois continentes utilizando como referência navios colocados a distâncias fixas ao longo do percurso e mesmo assim apenas um dos três aviões que partiram chegaram ao destino. Um teve problemas mecânicos e o outro perdeu-se apesar do aparato naval…
A expedição portuguesa não contou com estas facilidades, mas teve na capacidade inventiva de Gago Coutinho uma mais valia. Geógrafo e navegador experiente, participante em várias expedições de mapeamento em terra e no mar, propôs-se ultrapassar um problema que o mundo da aviação ainda não tinha resolvido: navegar sem pontos de referência em terra, adaptando para esse efeito um horizonte artificial a um sextante e inventando um corrector de rumos.
A técnica de navegação, conjugando os dois instrumentos, funcionou tão bem que seria adoptado pela comunidade aeronáutica.