A influência da arte grega ao longo do tempo
A influência da arte grega foi veiculada por diferentes civilizações como a romana que, em contacto como mundo grego, produziram uma síntese cultural, adaptando-a, assimilando-a e produzindo correntes artísticas em que o enaltecimento do Homem e da Natureza predominavam. A arte clássica, como passou a ser designada a influência grega e romana, traduziu o pensamento de sociedades da Antiguidade que se materializava nas criações artísticas produzidas.
As criações artísticas da cultura grega são o reflexo do pensamento grego. Evidencia-se o racionalismo. A beleza é alcançada pela observação e conhecimento que os artistas revelavam acerca da Natureza e do Homem que representavam. A arte produzida entre o século V e IV a. C. é conhecida como arte clássica, estilo que constitui um modelo seguido até aos nossos dias e caracteriza-se pela procura do belo, da harmonia, do equilíbrio e da perfeição nas formas e nas proporções.
No século IV a. C. as conquistas de Alexandre o Grande converteram a arte grega ou helenística, na linguagem pictórica de quase metade do mundo, sendo ainda percetíveis em lugares como o Afeganistão ou India. O domínio romano sobre a Grécia possibilitou que a cultura grega funcionasse como alicerce da cultura ocidental.
Os romanos sintetizaram as influências de outros povos, destacando-se a grega, adaptando-a às suas necessidades, como por exemplo na procura de soluções para a edificação dos seus edifícios, mas mantendo os estilos arquitetónicos, as técnicas e a influência estilística grega. A combinação de estruturas romanas com a inclusão das ordens arquitetónicas gregas, foram fundamentais para os arquitetos que lhes sucederam. Também na escultura e na pintura, a influência grega se manteve. Nos primeiros séculos do Cristianismo observa-se a influência helenística através do mundo romano, na elaboração de retratos em sarcófagos.
Mesmo na longínqua India as influências helenísticas fizeram-se sentir, particularmente em zonas de contacto e fronteiriças como a de Gândara. Como em todos os contextos, o estilo e a aplicação de técnicas alteraram-se em função das necessidades e recursos existentes. O virtuosismo helénico foi perdendo a sua importância e a beleza e harmonia foi dando espaço a outros ideais.
No Imperio bizantino a influência grega fez-se sentir nas vestes, nos gestos, nas faces. É também através deste império que melhor se preservaram as descobertas dos artistas clássicos em que a cultura grega foi transmitida sem a latinização ocidental. No ocidente medieval encontram-se na arquitetura elementos arquitetónicos e estilísticos de influência grega, adaptados ao contexto.
A partir do século XIV, em Itália, um movimento cultural designado de Renascimento fez ressurgir o interesse pelo mundo grego e romano, associado à valorização do Homem. A admiração pela antiguidade Clássica levou à desvalorização da produção artística e cultural do Homem da Idade Média, apesar de a preservação das obras clássicas nunca se ter interrompida sendo os mosteiros os locais dessa preservação.
Mais uma vez o Homem enquanto centro do Mundo é representado com um realismo e naturalismo que bebia dos cânones clássicos. Os ideais mantiveram-se, em função do período histórico e particularidades do momento: racionalismo, simetria, proporcionalidade, representação do real, naturalismo. A decoração recuperava temas da mitologia grega e romana e elementos naturais.
Quanto aos elementos da arquitetura clássica assistiu-se à aplicação de colunas, frontões triangulares, entre outros elementos. Na pintura e escultura a representação da Natureza realizava-se com grande realismo tentando retratar o mais fielmente possível o que se via. Também foi dado espaço para o tratamento de temas mitológicos. Regressaram o nu e o retrato, indicadores da valorização do Homem.
Quanto à decoração esta disseminou-se pelo ocidente e oriente, até aos nossos dias. As conquistas de Alexandre o Grande, no século IV a. C., aceleraram o processo de intercâmbio cultural entre civilizações. A utilização de elementos gregos no mundo oriental produziu um sincretismo cultural. O período do renascimento na Europa possibilitou que os cânones artísticos da Grécia inspirassem artistas europeus.
A partir do século XVIII e com o interesse e possibilidade de acesso pelas elites europeias à Grécia, assistiu-se ao movimento neoclássico e renovação dos ideais gregos. Esta tendência dominou o século XIX e estende-se até aos nossos dias, em que edifícios públicos e privados, estátuas, pinturas, entre muitas outras manifestações culturais refletem o ideal de harmonia equilíbrio e racionalidade que o homem grego glorificava. No entanto, deve compreender-se que o legado grego que nos chegou é o resultado de um sincretismo cultural produzindo ao longo de séculos surgindo criações artísticas diferenciadas, que integram características locais, regionais e nacionais do local de produção.
A cultura helénica foi fundamental para a construção de uma identidade europeia e ocidental.
Síntese:
- A arte grega influenciou distintas civilizações, desde o ocidente ao oriente na representação da figura humana, na edificação de estruturas religiosas, desportivas, civis.
- As conquistas de Alexandre o Grande no século IV a. C. foram um dos veículos mais importantes na disseminação da arte helenística, sendo a sua influência sentida ao nível da representação religiosa na India e Afeganistão.
- A admiração dos romanos pela arte grega contribuiu para que fossem estes, no ocidente, a perpetuar a arte grega.
- Os diferentes períodos da História da Arte no Ocidente revelam a influência da arte grega na arquitetura, pintura, escultura, sendo considerada a arte clássica, ou seja, a arte a seguir como modelo e referência.
Temas
Ficha Técnica
- Título: Exemplificar a influência da arte grega até ao tempo presente.
- Autoria: Associação de Professores de História/ Marta Torres
- Produção: RTP/ Associação de Professores de História
- Ano: 2021
- Imagem: Apolo de Belvedere. Escultura romana de influência grega. Museu do Vaticano, Slices of Light.