A terceira fase do processo de industrialização
As inovações industriais foram constantes ao longo do século XIX e início do século XX, aumentando a produtividade. A associação entre a técnica e a ciência permitiu grandes transformações nos processos de produção, possibilitando a produção de novos produtos a preços razoáveis. A indústria química fez enormes avanços, bem como a siderúrgica. Surgiram também novas fontes de energia como a petróleo e a eletricidade.
No século XVIII e início do século XIX os avanços da indústria basearam-se em algumas invenções aplicadas aos meios de produção existentes. Os artesãos e os donos das pequenas oficinas aplicaram melhoramentos nos seus instrumentos e técnicas de trabalho. Em meados do século XIX esta situação alterou-se. O progresso técnico permitiu o aparecimento de grandes unidades industriais, estruturas complexas que exigiam sólidos conhecimentos tecnológicos.
A concorrência e o crescente consumo entre industriais também levaram a que se procurasse constantemente a inovação para aumentar a produtividade, pelo que as grandes empresas investiram enormes somas em investigação. Neste contexto, as universidades começam a desempenhar um papel fundamental com a formação de pessoal especializado, principalmente na formação de engenheiros.
As inovações deixaram de ser realizadas por indivíduos isoladamente, doravante elas passaram a ser concretizadas por equipas de trabalho que usavam o método científico. Os avanços conduziram a novos desafios permitindo progressos tecnológicos antes impensáveis.
Um dos exemplos que mostra a ligação entre a investigação científica e a fábrica foram os avanços na indústria química. Esta conseguiu produzir corantes artificiais com a capacidade de serem produzidos em larga escala para satisfazer as necessidades do setor têxtil e empenhou-se na produção de inseticidas, fertilizantes ou medicamentos. Desta forma, aumentou-se a produção agrícola e combateram-se doenças, fatores indispensáveis para uma população em permanente crescimento.
A indústria siderúrgica também se desenvolveu ao ser capaz de produzir ferro com uma maior plasticidade e dureza, dando um sem número de materiais para os mais variados setores, nomeadamente: cascos de navios; pontes; construção civil ou peças de artilharia.
Nesta fase, a industrialização necessitava cada vez mais de energia, desempenhando o carvão a principal força motriz. Em 1913 cerca de 90% da energia produzida na Europa dependia ainda deste combustível. No entanto, nas últimas décadas do século XIX desenvolveram-se duas novas fontes de energia que revolucionaram a produção no século XX: o petróleo e a eletricidade.
Em 1859, perfurou-se na Pensilvânia o primeiro poço de petróleo, usado no início para a iluminação. Porém, o grande valor desta nova fonte de energia só se revelou depois de 1886 quando se inventou o motor de combustão, movido a gasolina. Poucos anos depois, em 1897, Rudolf Diesel concebeu outro motor semelhante que utilizava óleo pesado, gasóleo ou diesel, que podia ser aplicado às mais variadas máquinas. Os derivados do petróleo tornaram-se assim uma fonte de energia central para o desenvolvimento industrial e para o progresso da economia.
A par do petróleo outra fonte de energia que surgiu foi a eletricidade graças a uma série de invenções que permitiram a sua produção e transporte a grandes distâncias. Em pouco tempo as cidades ficaram iluminadas, as fábricas podiam laborar por mais tempo, a vida privada alterou-se e surgiram novos meios de transporte que transformaram a vida das cidades: o metropolitano e os carros elétricos.
Ainda no campo dos transportes o motor de combustão possibilitou a criação do primeiro automóvel por Karl Benz, em 1886. Ao iniciar-se o século XX as marcas Daimler. Benz, Renault, Fiat ou Ford tinham já feito a sua aparição, movimentando uma quantidade elevada de capitais e empregando milhares de operários. No domínio da aviação o primeiro voo de uma aeronave foi realizado em 1890. Em 1903 os irmãos Wright realizaram o primeiro voo controlado com um aparelho movido com um motor a hélice. Em 1909 Blériot atravessou o canal da Mancha num monoplano.
Para além destes aspetos, sem a eletricidade teria sido impossível o surgimento do telefone, do telegrafo, do gravador de som, da rádio e do cinema. As comunicações passaram a ser mais rápidas e permitiram a transmissão de informações internacionais e intercontinentais de uma forma instantânea. As práticas diárias sofreram alterações bruscas e as trocas económicas, comerciais e culturais tiveram uma dimensão nunca alcançada na história dos homens.
Síntese:
- O século XIX assistiu a grandes inovações tecnológicas devido em grande parte à evolução de várias áreas da ciência.
- A conjugação entre a técnica e a ciência aumentou a produção e surgiram novos produtos a preços mais acessíveis.
- Os novos conhecimentos científicos permitiram desenvolver a indústria química e surgiram novas fontes e formas de energia, casos do petróleo e da eletricidade.
Temas
Ficha Técnica
- Área Pedagógica: Identificar as principais características da terceira fase da industrialização (“Idade da eletricidade e petróleo”).
- Tipologia: Explicador
- Autoria: Associação dos Professores de História/Nuno Pousinho
- Ano: 2021
- Imagem: Construção de gerador elétrico 1932, Digital museum/ PICRYL